terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Santa Claus Is Coming To Town - Frank Sinatra



A minha canção de Natal preferida.

Feliz Natal e Bom 2010


Desejo a todos(as) os(as) leitores(as) deste humilde blog um FELIZ NATAL (repleto de paz, saúde, e algumas prendas) e que o Ano de 2010 vos traga o melhor que desejarem!!!
Estes são os meus votos sinceros!!!

P.S. - Este é o Pai Natal da Coca-Cola, mas, sinceramente, este é aquele que me transporta para o imaginário do velhinho, gordinho e amoroso que se chama Pai Natal.
Posted by Picasa

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Gripe A - Parte II

Na passada semana, as minhas filhas mais velhas foram assoladas pela "temível" Gripe A.
Tratamento Ben-u-ron e Bruffen e muitas doses de mimos e atenção a dita foi embora e não nos deixou de "rastos" como temiamos pelas notícias.
A minha filha mais nova de 22 meses que tinha sido vacinada 2 semanas antes nem um atchim deu apesar de estar em contacto diário com as irmãs, a minha mulher (que também tomou a vacina nada Zero, nadinha!!) e eu que sou uma força da natureza também não.
A vacina é eficaz, pelo menos na minha experiência pessoal foi eficaz!!!
Eis o meu testemunho que não se vacinou vacine-se, quando chegar à minha vez é o que farei!!!!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"Bohemian Rhapsody"



Espectacular como sempre nos Marretas

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sem tempo para me coçar

Não tenho tido tempo para escrever o que quer que seja neste humilde blog, apesar de ter tanta coisa para dizer desde o dia a dia em família à politica que se faz por cá até ao frio que demora em chegar.
Prometo, ou melhor, vou tentar ser mais assíduo na escrita embora me pareça que irá ser muito difícil, e eu que não gosto de escrever em casa, não é que não goste mas prefiro estar com as miúdas (mãe incluída) de corpo e alma não "me dá" para escrever no blog lá em casa.
Mudei o background do blog porque no passado fim de semana foi-me solicitado que qual CComercial fizesse a Árvore de Natal é claro que não anuí, mas julgo que não passo do dia 1 de Dezembro com as ajudas preciosas das duas filhas mais velhas e a da mãe para colocar a iluminação do pinheiro que está em perfeito estado de conservação (apesar de já ter 11 anos, é verdade 11 anos!!!).
Espero recuperar alguns dos leitores entretanto perdidos, mas na realidade não tenho tido tempo para me coçar...
Até breve

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A Gripe A

Esta a tornar-se uma paranoía colectiva esta "doença", senão vejam:



Primeiro contavam-se os infectados com H1N1, depois passou-se a contar os mortos, e agora contam-se os fetos que "possivelmente morreram em consequência das mulheres grávidas terem tomado a vacina", sim porque nunca anteriormente se assistiu a nados-mortos em Portugal só depois de ter aparecido a vacina que previne o H1N1 é apareceu!!!!???? Sinceramente, já sabem, porque fomos bombardeados nas notícias com os números, que anualmente morrem cerca de 340 fetos (às 20, 30, 33, 34 semanas de gestação) sem razão aparente, mas o que causa mais impacto é o facto de terem aparecido 3 grávidas que perderam o seu bebé após terem sido vacinadas, e digo-vos eu, que vão continuar a aparecer grávidas nesta situação porque o mais natural é que irão sempre existir nados-mortos, a vacina previne o H1N1, não previne o aborto expontaneo.



Tomamos (eu e a minha mulher) várias decisões contra esta paranoía que também se estava a apoderar de nós:



1 - Não deixar de viajar e gozar a vida (enquanto a temos) com as nossas filhas.



2 - Para não ficarmos doidos evitar os C.Comerciais, mas sem exageros.



3 - Vacinar a nossa filha mais nova (21 meses).



Assim, não perco o sono a pensar na Gripe A e como diz a canção: Que será, será

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Novo Comando Kids

Eis a salvação de fim de semana para muitos pais dormirem um pouco mais:

http://www.flickr.com/photos/23742344@N03/4080815136/ está à venda nas lojas da Zon

por 9,99€.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Línus (Charlie Brown) vs Constança



A minha filha mais nova (Constança) é tal e qual o Línus do Charlie Brown, anda sempre com o seu cobertor azul atrás, não chucha no dedo mas chucha na dita chucha é mesmo engraçado vê-la casa fora com o seu "bertor" e de súbito se deitar no chão e dizer "nana". Estas situações ajudam os pais a relaxar.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Os Simpsons



Muitos Parabéns pelos vossos 20 anos

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Com dedicatória especial a Maitê Proença



Com os melhores cumprimentos!!!

Loira e Burra



Esta loira em final de carreira, dedicou-se agora a dizer mal de Portugal. Entristece-me na medida em que esta "senhora" fez as delícias quer minhas quer dos meus colegas, à data, do 8º ano quando numa qualquer novela (pouco interessava qual, não é pessoal?) apareceu montada a cavalo tal qual tinha vindo ao mundo. Como actriz não se lhe conhece qualquer trabalho relevante fora da Globo, ao contrário, da Sónia Braga que fez carreira em Hollywood.
Além de pouco civilizada, pois cospe para uma fonte de um momumento classificado de património da hummanidade, qual criança mal comportada, esta moçinha mente, pois diz que nos hóteis de cinco estrelas portugueses não se conheçem os ratos de computador e que são os porteiros quem resolvem os problemas informáticos, não sei em que hotel a dita moçinha esteve mas com toda a certeza deve ter sido num de uma qualquer favela à escolha daquelas que rodeiam a dita "Cidade Maravilhosa" do Rio de Janeiro.
Por fim, ela é loira e burra de facto pois desconheçe que aquela a que chama vilazinha é Sintra (outro local classificado de património da humanidade).

P.S. - Maitê, queridinha, aqueles portateis da Barbie são de mentirinha (como dizem os brasileiros) por isso você não conseguiu enviar o seu e-mail.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A ética será republicana?

A ética será republicana?
Por Helena Matos

A república que somos será mais ética por ter entre os seus políticos quem não veja nela um atestado de impunidade


Esta é uma ideia cara aos nossos presidentes da República que, perante o calendário de feriados predominantemente religiosos, fazem questão, uma vez chegado o 5 de Outubro, de recordar ao país a importância da ética republicana. Cavaco Silva não foi excepção. Não duvido que os presidentes da República que temos tido defendam a ética da República, mas daí a dizer-se que existe a ética republicana vai um passo demasiado largo. E no caso português perigosamente largo. Em primeiro e mais óbvio lugar porque não é o facto de o regime ser republicano ou monárquico que o torna mais ou menos ético. Portugal é uma república e a Suécia e a Holanda monarquias, mas no que à ética da vida política e pública respeita temos muito a invejar aos súbditos de Carlos Gustavo e de Beatriz. Em segundo lugar esta associação entre a ética e a natureza republicana do regime envenenou-nos todo o século XX e ameaça-nos o XXI, pois incapazes que somos de dissociar a ética da República esquecemo-nos da primeira para não nos malquistarmos com a segunda. A nossa incapacidade de debatermos o regicídio, a noite sangrenta ou, no pós 25 de Abril de 1974, a descolonização resultam em grande parte desta atávica associação entre a natureza do regime e a ética da sua classe dirigente. Onde estava em Novembro de 1975 a ética dos militares e políticos portugueses que, como relata Leonor Figueiredo no seu livroFicheiros Secretos da Descolonização de Angola, deixaram para trás nas prisões e campos de concentração de Angola cidadãos portugueses que tinham sido raptados pelo MPLA?

Enquanto os factos menos nobres praticados na República, a corrupção e o falhanço da justiça, continuarem a ser vistos como notas de rodapé na exaltação mais ou menos folclórica da ética republicana, continuaremos reféns daquela divisão jacobina do mundo que envenenou a I República e que, de sinal contrário, se prolongou no Estado Novo, aí com a tentativa inversa de transformar em boa a ditadura com o argumentário da honestidade pessoal de quem a chefiava. A República que somos será mais ética não por ser república mas sim por ter entre os seus políticos e na sua administração quem não veja na condição republicana (tal como outrora o viram na condição monárquica ou em "ser da situação") um atestado de impunidade.Ensaísta
Todos os dias (mas mesmo todos) nas televisões nacionais somos brindados logo pela manhã com a descrição de mais uma doença. Um especialista da dita explica-lhe os sintomas. Inevitavelmente em seguida opivot de serviço confronta o clínico com a ignorância lusa sobre o que fazer para combater tão desatinado mal. Tivesse eu tempo e faria um quadro com aquilo que todos os dias, nos diversos canais, se recomenda para que se tenha uma vida saudável. Felizmente não tenho tempo, mas pasmo com a girândola contraditória de coisas que supostamente nos colocariam eternamente jovens e saudáveis. A avaliar por aquilo que ali é dito, os carteiros ou as Testemunhas de Jeová que fossem simultaneamente vegetarianos seriam as mais belas e saudáveis pessoas da Terra, pois não só andam vários quilómetros por dia como têm uma alimentação que, não sendo completamente saudável - nestes programas nunca nada é completamente saudável -, anda lá muito perto.

Dadas as recentes notícias sobre os malefícios dos vegetais e a sua falta de certificação por comparação com os queijos e os gelados, dentro de algum tempo lá estarão a mandar-nos comer empadão de queijo com gelado de atum com a mesma arreigada certeza com que agora nos mandam comer tarte de espinafres.

Mas convenhamos que o pior não é isto. Já é muito mauzinho quando, sobretudo perante as doenças oncológicas, invocam a vontade de viver do doente e a importância de não se deixar derrotar pela doença. É pasmoso que todo e qualquer esforço de segurança dos países se tenha de travestir de acção humanitária, mas a um pobre mortal que acontece ter cancro exige-se-lhe que qual comando combata a doença e não se deixe vencer, transformando-se assim qualquer nova metástase num sinal de derrota e não de doença. Mas o pior mesmo acontece quando as doenças versam os jovens, sobretudos os jovens que têm problemas. Inevitavelmente surge a pergunta sobre a culpa. E mais ou menos inevitavelmente ainda a pergunta sobre a culpa vai dar à mãe. Porque trabalha fora de casa. Porque não percebeu a tempo o problema do filho. Porque não soube actuar. Porque não disse as palavras certas. Porque disse as palavras certas poucas vezes. Porque não conseguiu dar um espaço ao jovem... Não há paciência! Este discurso da culpabilização das famílias e sobretudo das mães acabará algum dia, mas até lá inferniza a vida a muita gente, sobretudo àqueles e àquelas que procuram fazer o melhor possível.

Campanha autárquica em que os candidatos não falem extremosamente do comércio local não é certamente campanha autárquica. Provavelmente a única excepção a tal mandamento será a ilha do Corvo, mas mesmo assim é melhor não dar o benefício da dúvida. Estas passagens dos candidatos pelos estabelecimentos do dito comércio local e tradicional têm qualquer coisa de romagem de agravados: os comerciantes dizem que o comércio vai mal e os candidatos defendem mais apoios para que passe a ir menos mal. No ar e às vezes nos microfones ficam algumas acusações às grandes superfícies. Enfim, temos de reconhecer que nesta matéria todos mentimos um bocadinho: primeiro os comerciantes, porque, durante décadas, deram a clientela como garantida e devidamente almofadados pelas baixas rendas que pagam pelos seus estabelecimentos deixaram de se preocupar com a rentabilidade do negócio; depois os clientes que dizem que adoram fazer compras a pé no comércio local, mas que na verdade o único local onde se avistam carregados de sacos é no parque de estacionamento das grandes superfícies e por fim os candidatos, que o mais que sabem é exigir que o governo, qualquer que ele seja, dê mais apoios ao dito comércio, esquecendo que as autarquias complicam de forma muito assinalável a vida aos comerciantes. Por exemplo, o custo de licenciamento de uma obra pode ser, em algumas autarquias de Portugal, muito superior àquilo que a obra propriamente dita custa. (Existem até autarquias que anunciam aos potenciais interessados em fazer obras que praticam taxas de licenciamento mais elevadas que Lisboa, como se essa carestia correspondesse a um grau invejável de cosmopolitismo.) E não estou a falar da construção de um edifício, embora também aí os custos administrativos pesem cada vez mais nos orçamentos, tal como a Ordem dos Engenheiros tem denunciado. Basta, por exemplo, numa loja do tão amado comércio local querer transformar a área de atendimento ao público integrando-lhe uma parte que até esse momento fazia parte do armazém, para que, em muitos municípios, o dito comerciante rapidamente perceba que ou faz as obras clandestinamente ou desiste de as fazer, pois as taxas de licenciamento têm um custo exorbitante. Aliás, uma das coisas mais irritantes no discurso do amor ao comércio local são as referências às cidades europeias onde existem pequenas e simpáticas lojinhas porta sim, porta não. Em boa verdade esquecem-se tais improváveis amantes de dizer que não só em Portugal tais espaços não passariam no crivo da ASAE e doutras actividades de inspecção, como a facilidade e rapidez com que nessas paragens se transformam espaços de habitação em comércio e vice-versa pressupõem que tudo aquilo é licenciado a custos e em prazos muito diversos dos praticados em Portugal. Na verdade, não é uma questão de dar ou não dar, mas sim de não complicar. Por exemplo, acabando este texto a tarde e a más horas, já não tenho o supermercado de sempre aqui ao pé de casa, porque as exigências duma instalação eléctrica orçada em milhares de euros levou a que os interessados desistissem. E quanto a peixe é melhor ir também desistindo, porque a ASAE e a sua fixação no aço inox afugentaram aqueles que se dispunham a transformar uma antiga padaria numa peixaria.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ora, é só fazer as contas!!!



E somos governados por esta gente!!!! Nem contas sabem fazer!!!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O gajo


O gajo
Helena Matos

O termo "gajo" dá conta do que Cavaco Silva tem sido em Portugal: uma espécie de intruso

Não sei se, como contam os seus próximos, Mário Soares ainda se refere nestes termos a Cavaco Silva. Mas é importante esclarecer que chamar-lhe "gajo" não me parece nada depreciativo, tanto mais que o termo "gajo", na fulanização que tem implícita, dá conta daquilo que Cavaco Silva tem sido em Portugal: uma espécie de intruso, um tipo com quem volta e meia se esbarra e que suscita quase sempre uma pergunta meio irritada: "Mas o que quer este gajo?"

É preciso que se perceba que o espaço do poder governamental é em Portugal naturalmente socialista. Não por uma qualquer malfeitoria dos socialistas, mas sim porque foram os socialistas os grandes vencedores políticos e morais do momento que fundou os compromissos do regime, o 25 de Novembro de 1975. O socialismo que o PS prometia aos portugueses pareceu-lhes tão paternalmente bondoso quanto o Estado social anunciado por Marcelo Caetano, com a vantagem acrescida de se livrarem de que alguém os dissesse de direita ou estalinistas, pois se ser de direita permaneceu como algo de pejorativo, já ser de esquerda, desde que daquela esquerda delimitada pelo PS, tornou-se um traço distintivo pela positiva. A isto que já de si não é nada pouco juntou-se a extraordinária mais-valia da aristocrática concepção do poder do pater familias dos socialistas portugueses, Mário Soares. Ver Soares a deslocar-se é talvez o que temos de mais próximo com o que terá sido a naturalidade aristocrática com que D. Carlos devia passear em Vila Viçosa. Mas Soares não trouxe para os socialistas portugueses apenas a concepção de que o poder lhes é naturalmente devido, cultivou-lhes o espírito de corte: há um séquito que lhe repete as graças, as conversas com os grandes do mundo, a maravilha dos quadros que lhe ornamentam as casas, a grandiosidade da biblioteca e, não menos importante, reage ao primeiro sinal de crítica àquele que definem como "pai da democracia". Aliás, uma das características mais comuns ao PS português é essa noção enraízada de família. Não por acaso o PS foi durante anos um partido de famílias cujos apelidos em muitos casos remontavam à I República e onde, ao contrário do que sucedia nas outras formações políticas à direita e à esquerda do PS, os filhos, desde a mais tenra infância, se reviam e revêem ideologicamente nos pais.

Por isso um dos momentos mais simbólicos das últimas eleições é aquele em que Soares terá passado, segundo a definição da propaganda do PS, o testemunho a Sócrates, lançando oslogan "Sócrates é fixe", adaptação desse outro "Soares é fixe" que fixa o momento em que Soares além de fixe foi também feliz e vencedor. É óbvio que Sócrates não é fixe - coisa que está longe de ser defeito! - e Soares não ignorará que aquele que definiu como seu sucessor não acerta uma única vez quando tenta falar dos livros que diz que leu ou dos filmes que diz que viu. Mas o testemunho que passou de Soares para Sócrates nada tem a ver com os gostos ou com as ideias, mas sim com a concepção do poder como coisa da sua gente.

Naturalmente, Cavaco não tem um partido assim atrás de si (o que sendo uma notória fraqueza em momentos como o actual foi também o traço que lhe permitiu chegar a Presidente da República) e de alguma forma ele e Guterres foram os únicos que até agora ousaram enfrentar este statu quo: Cavaco porque não se coibiu de ganhar eleições aos socialistas e Guterres porque não fez tudo o que estava ao seu alcance para manter os socialistas no poder, acabando por se demitir. Por isso, do ponto de vista "rosa", Cavaco nunca passará de um gajo e Guterres de um traidor. Quanto a Guterres, só o futuro dirá em que medida o PS lhe perdoará o pecado original de ter deixado o poder. O presente, esse, acontece entre o PS e o gajo. Ou mais institucionalmente falando, entre o Governo e a Presidência da República. Ou, se se preferir dar nomes às coisas, entre Sócrates e Cavaco Silva. Cavaco, que tem o imenso orgulho dos tímidos, aposta sobretudo em que a razão lhe será reconhecida à posteriori, como aconteceu com o Estatuto dos Açores. Resta saber se Cavaco ainda tem tempo, pois na relação com os outros poderes não basta a um Presidente da República denunciar os seus motivos de indignação, como bem perceberia Cavaco Silva se lesse o discurso de renúncia que um Presidente da República, o general Spínola, redigiu nesse mesmo Palácio de Belém num dia 29 de Setembro, não de 2009 mas sim de 1974. É necessário que o Presidente da República, qualquer que ele seja, tenha consciência do seu tempo de acção. Coisa que Soares teve quando percebeu que podia avançar contra o então primeiro-ministro Cavaco Silva e que teve sobretudo Jorge Sampaio naquele arco temporal que vai do momento em que deu posse a Santana Lopes até àquele instante em que o demitiu. Para já Cavaco tem razão no essencial e Sócrates tem o tempo (e a corte) a seu favor. Mas nada disto é suficiente para saber quem vai ganhar e sobretudo para que o país confie nas instituições. Jornalista
O director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), Elísio Summavielle, propôs que o Museu do Côa albergue também arte contemporânea, dado que as própria gravuras do Côa são arte. Logo veio a Associação dos Arqueólogos Portugueses contrapor que "colocar arte contemporânea no Museu do Côa é desvirtuar o objectivo para o qual foi criado o museu". Como já não estamos em 1994 o país não fica tolhido quando ouve o verbo desvirtuar e muito provavelmente o Museu do Côa terá também arte contemporânea, antiga, moderna... Enfim, terá o que sucessivamente se for achando necessário para levar as pessoas àquele espaço, que, por si só, se arrisca a ser mais um elefante branco ou mais arqueologicamente falando um auroque branco. Recordo que em 1994 se anunciava que 300 mil turistas iriam anualmente rumar a Foz Côa para conhecerem as ditas gravuras. O país então achava-se tão rico que deitou alegremente fora o dinheiro já investido na barragem. Alguém que questionasse a desmesura deste êxtase místico com as inscrições do Côa e o desprezo por aquelas outras que simultaneamente eram submersas em Alqueva era tratado no mínimo como troglodita. No Côa apareceram poucos turistas e não consta que algum deles tenha aconselhado a experiência a quem quer que fosse.
Na míngua de turistas encomendaram-se filmes que foram justificados como a derradeira tentativa de chamar a atenção internacional para o Parque Arqueológico de Foz Côa e construiu-se o museu. Dada a desmesura da coisa - o Museu do Côa será o segundo maior de Portugal, logo a seguir ao de Arte Antiga, em Lisboa -, o óbvio tornou-se incontornável: o que vai lá para dentro que justifique uma viagem até ali? Arte contemporânea, diz o Igespar Por mim creio que poderiam também dedicar uma sala ao dogmatismo e às manobras de propaganda. Com o próprio processo do Côa já tinham material que lhes chegasse.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bébes roubados na China alimentam negócio das adopções


Bébes roubados na China alimentam negócio das adopções
Desde o início dos anos 80, mais de 80 mil crianças chinesas foram adoptadas no estrangeiro, a maioria das quais por famílias dos Estados Unidos. Suspeita-se agora que muitas foram retiradas à força das suas famílias.Por Barbara Demick

O funcionário do planeamento familiar rondava regularmente por aquela aldeia situada no cimo da montanha, à procura de fraldas em estendais de roupa a secar e à escuta de choros de bebés recém-nascidos e com fome. Num dia de Primavera de 2004, apresentou-se à porta da casa de Yang Shuiying e ordenou. "Entreguem o bebé."

Yang chorou e discutiu e argumentou, mas, sozinha com a sua filha de quatro meses de idade, não estava em posição de resistir ao homem que todos os pais de Tianxi temiam.

"Vou vender a bebé para adopção no estrangeiro. Posso conseguir bom dinheiro por ela", disse ele à chorosa mãe antes de se meter no seu automóvel com a criança e se dirigir com ela para um orfanato em Zhenyuan, uma cidade vizinha na província de Guizhou, no Sul da China. Em troca, prometeu que a família não teria que pagar multas por ter violado a política chinesa de se poder ter apenas um filho.

E depois avisou-a: "Não diga nada a ninguém acerca disto." Ao longo de cinco anos ela guardou aquele terrível segredo. "Eu não percebi que eles não tinham o direito de levar os nossos bebés", conta Yang.

Desde o início dos anos 80, mais de 80 mil crianças chinesas foram adoptadas no estrangeiro, a maioria das quais por famílias dos Estados Unidos.

A ideia que se tinha era que os bebés, na sua maioria meninas, eram abandonados pelos seus pais devido à tradicional preferência por filhos do sexo masculino e às restrições ao tamanho das famílias na China. E não há dúvida de que terá sido esse o caso de dezenas de milhares de meninas.

Mas alguns pais estão a chegar-se à frente e a contar histórias dilacerantes de bebés levados através de coacção, fraude ou rapto - por vezes por responsáveis governamentais que disfarçavam as suas pistas fingindo que os bebés tinham sido abandonados. Os pais que afirmam que as suas crianças foram levadas queixam-se de que os funcionários eram movidos pelos 3 mil dólares por criança que os pais adoptivos pagam aos orfanatos.

"Os nossos filhos estão a ser exportados para o estrangeiro como se fossem produtos industriais", diz Yang Libing, um trabalhador migrante da província de Hunan cuja filha foi sequestrada em 2005. Entretanto soube que ela está nos Estados Unidos.

As dúvidas acerca do modo como na China são obtidos os bebés para adopção começaram já a espalhar-se pela comunidade internacional de adopções. "No início, acho eu, a adopção na China era algo muito positivo, porque havia tantas meninas abandonadas. Mas depois tornou-se um mercado orientado pela procura e oferta, e muitas pessoas a nível local estavam a fazer muito dinheiro com o processo", declara Ina Hut, que no mês passado se demitiu do posto de directora da maior agência holandesa de adopção, devido a preocupações sobre tráfico de bebés.

O Centro para os Assuntos de Adopção da China, a agência governamental que supervisiona as adopções a nível interno e internacional, rejeitou repetidos pedidos para comentar estas alegações. Funcionários da agência disseram a diplomatas estrangeiros que acreditam que tais abusos se limitaram a um pequeno número de bebés e que os responsáveis foram demitidos e castigados.

Para os pais adoptivos, a possibilidade de os seus filhos terem sido tirados à força dos pais biológicos é aterrorizadora. "Em 2006, quando adoptámos, encheram-nos a cabeça sempre com as mesmas histórias, que havia milhões de meninas não desejadas na China, que elas seriam deixadas na rua para morrer se não as ajudássemos", conta Cathy Wagner, mãe adoptiva residente na Nova Escócia, Leste do Canadá. "Adoro a minha filha, mas se tivesse tido alguma noção de que o meu dinheiro iria levar a que ela fosse retirada a outra mulher que a adorava, eu nunca a teria adoptado."

O problema tem as suas raízes no controlo de população da China, que limita a maioria das famílias a uma criança, duas se viverem no campo e a primeira for uma rapariga. Cada localidade tem um gabinete de planeamento familiar, habitualmente ocupado por quadros do Partido Comunista com amplos poderes para ordenar abortos e esterilizações. Pessoas que tenham mais filhos podem sofrer multas de até seis vezes os seus rendimentos anuais - multas eufemisticamente denominadas "despesas de serviço social".

"O pessoal do planeamento familiar é na realidade mais poderoso do que o ministro da Segurança Pública", afirma Yang Zhizhu, professor de Direito em Pequim. Ao longo das províncias, cartazes em vermelho exortam "Dê à luz menos bebés, plante mais árvores" e, de um modo mais agoirento, "Se der à luz mais crianças, a sua família ficará arruinada".

Mas a lei não permite que funcionários tirem bebés aos seus pais. Há famílias que afirmam que foram ameaçadas e agredidas, de modo a forçá-las a entregarem as suas filhas. Outras dizem que foram enganadas para prescindirem dos seus direitos parentais.

"Pegaram na bebé e arrastaram-me para fora de casa. Eu gritei - pensei que eles me iam bater", recorda Liu Suzhen, uma frágil mulher da localidade de Huangxin na província de Hunan.

Numa noite de Março de 2004 estava a tomar conta da sua neta de quatro meses quando uma dúzia de funcionários invadiu a sua casa. Diz que levaram-na juntamente com a neta até um gabinete de planeamento familiar, onde um homem lhe agarrou o braço e obrigou-a a colocar a impressão digital num documento que ela não conseguia ler.

Tarde demais

Assim que uma criança é levada para um orfanato, os pais perdem todos os seus direitos. "Nem me deixavam chegar ao pé da porta", recorda Zhou Changqi, um trabalhador da construção civil cuja filha de seis meses foi levada em 2002 por funcionários do planeamento familiar em Guiyang, na província de Hunan. Durante três anos Zhou tentou sistematicamente entrar no Instituto de Segurança Social de Changsha, um dos maiores orfanatos que enviam crianças para o estrangeiro, até que um dia lhe disseram: "É tarde de mais. A sua filha já foi para a América."

Na maior parte da China, os aldeões desde há muito vivem com medo das visitas-surpresas de funcionários do planeamento familiar. Em Tianxi, uma aldeia de 1800 habitantes rodeada de nevoeiro e escondida no alto das verdejantes montanhas perto de Zhenyuan, os funcionários do planeamento familiar chegam a efectuar inspecções duas vezes por semana - não se importando com o facto de que chegar à aldeia implica uma viagem de carro de duas horas através de uma estrada poeirenta e esburacada e depois mais meia hora a subir o monte a pé. Ao longo das décadas de 1980 e 1990, quando as famílias eram demasiado pobres para pagar as multas, os funcionários puniam-nas pilhando as suas casas ou confiscando vacas e porcos, afirmam os moradores.

Mas em 2003 a situação alterou-se. No ano após o Instituto de Segurança Social de Zhenyuan ter sido aprovado para participar num ambicioso programa de adopção no estrangeiro, os funcionários do planeamento familiar deixaram de confiscar animais. Em vez disso, começaram a levar bebés.

"Se as pessoas não conseguiam pagar as multas, eles levavam os bebés delas", conta um empregado municipal de Zhenyuan já reformado que costumava trabalhar para o orfanato como pai de acolhimento.

"Estávamos sempre aterrorizados com eles", diz Yang Shuiying, a mãe de 34 anos cuja filha foi sequestrada.

Em Dezembro de 2003 Yang deu à luz a sua quarta filha. A bebé nasceu em sua casa, com a ajuda de uma parteira. Fora uma gravidez não planeada. De facto, o seu marido tinha-se submetido a uma vasectomia poucos dias antes de ela perceber que iam ter outro filho.

"Não tinha planeado ter outro bebé, mas quando tive percebi que queria ficar com ela e criá-la", conta Yang, uma mulher de voz suave e olhos tristes.

O seu marido, Lu Xiande, sentiu ainda mais intensamente que o lugar da sua nova bebé era em casa. Ele estava no mercado quando a filha foi confiscada, e ficou furioso quando descobriu o que tinha acontecido. "Vou trazê-la de volta", prometeu à sua devastada esposa.

Viajou até à costa oriental da China, na esperança de, como trabalhador migrante, conseguir juntar dinheiro suficiente para pagar a multa do planeamento familiar. Mas Lu adoeceu e teve de voltar para casa. Pouco depois, tentou cortar a garganta com uma faca de talhante.

Quase todos os habitantes de Tianxi conhecem alguém cujo bebé foi levado. Um idoso curvado sobre uma bengala de madeira feita à mão contou como a sua neta foi levada. Outro homem, mais novo, lembrou o caso de uma sua sobrinha.

Os aldeões ofendem-se com a ideia de que alguns deles não gostam das suas filhas e facilmente as abandonam. "As pessoas daqui não abandonam as suas crianças. Não vendem as suas crianças. Sejam meninos ou meninas, são do nosso sangue", afirma Lin Zeji, de 32 anos, um agricultor que alega que a sua terceira filha foi levada em 2004.

Sob a lei chinesa, é exigido aos funcionários que procurem os pais biológicos de bebés abandonados. Quatro meses após a filha de Shuiying ter sido levada, a sua fotografia apareceu numa notícia publicada no "Diário da Cidade de Ghizhou", juntamente com as de outras 14 crianças.

O anúncio afirmava, falsamente, que a bebé fora "encontrada abandonada à porta" de uma casa na aldeia de Tianxi. "Quem vir esta criança deve contactar o orfanato no prazo de 60 dias; em caso contrário, a criança será considerada órfã", lia-se no anúncio de 14 de Agosto de 2004, que os pais nunca viram, dado que o jornal não está disponível na sua remota aldeia.
Muitos dos pais de crianças raptadas são analfabetos e foi-lhes dito pelos funcionários do planeamento familiar que a lei permite a confiscação de bebés, portanto acham que não vale a pena apresentar queixa.

A verdade veio ao de cima quando um professor que tem familiares na aldeia de Tianxi relatou a situação à polícia e a uma agência de regulação. Como não recebia resposta, colocou denúncias na Internet, que chegaram em Julho aos meios de comunicação social chineses. O professor, temendo represálias, tinha-se escondido.

Ainda em Julho, a Embaixada dos Estados Unidos em Pequim emitiu um comunicado referindo fontes da Autoridade Central de Adopção da China, segundo as quais "sete funcionários implicados neste caso foram detidos". O comunicado acrescentava ainda que "os Estados Unidos levam a sério qualquer alegação de que crianças terão sido colocadas para adopção em outros países sem consentimento ou conhecimento por parte dos pais".

Mas em Zhenyuan os funcionários negaram que alguém tenha sido preso ou despedido. Afirmam que os castigos variaram entre advertências e retirada de pontos por demérito. Shi Guangying, o funcionário que levou a bebé de Yang, foi despromovido.

Onde está o dinheiro?

Os funcionários de Zhenyuan defendem a sua actuação. "É mentira que eles levaram bebés sem o consentimento dos pais deles. Isso é impossível", declara Peng Qiuping, quadro do Partido Comunista e director de propaganda em Zhenyuan. "Esses pais concordaram em que as crianças deveriam ser colocadas para adopção. Perceberam que tinham sido gananciosos e que tinham tido mais filhos do que aqueles que podiam sustentar." Diz Wu Benhua, director do gabinete de assuntos sociais: "Elas estão melhor com os pais adoptivos do que com os pais biológicos."

Entre 2003 e 2007, o orfanato de Zhenyuan enviou 60 bebés para os Estados Unidos e para a Europa. Wu avança que o dinheiro recebido dos pais adoptivos, 180 mil dólares no total, se destinou a fornecer alimentação, vestuário, camas e assistência médica para os bebés e para melhorar as condições no Instituto de Segurança Social.

Mas, antes da adopção, a maioria dos bebés ficava com famílias a que pagavam 30 dólares [ por mês pelos seus serviços, de acordo com as declarações de um desses pais de acolhimento. Não se notou qualquer sinal evidente de recuperação do instituto, um sombrio edifício de três andares com janelas tapadas. Não é permitida a entrada de jornalistas. "Não sabemos o que aconteceu ao dinheiro, e não nos atrevemos a perguntar", explica Yang Zhenping, um fazendeiro de 50 anos da zona de Tianxi.

Brian Stuy, um pai adoptivo de Salt Lake City (no estado do Utah, EUA) que investiga as origens de chineses adoptados, notou que um invulgar número de bebés mais velhos era referido como sendo de abandonados. Ele suspeita que se trata de bebés que foram confiscados, roubados ou entregues sob coacção. "Quem não quer uma menina entrega-a imediatamente após ela nascer", conta Stuy.

E acredita que os 3 mil dólares da taxa de adopção - cerca de seis vezes o rendimento anual na China rural - terá levado a alguns abusos. "É a adopção internacional que está a causar este ambiente que leva famílias a planear entregar as crianças para conseguir dinheiro", avança Stuy. "Se não houvesse adopção internacional e se o Estado tivesse que criar os miúdos até que eles fizessem 18 anos, pode ter a certeza de que o planeamento familiar não os confiscaria."

Em Filadélfia, estado da Pensilvânia, Wendy Mailman, que em 2005 adoptou uma menina do mesmo orfanato em Zhenyuan que recebeu bebés confiscados, agora questiona tudo o que lhe disseram acerca da bebé que os funcionários do orfanato afirmam ter nascido em Setembro e abandonada em Janeiro. "Por que razão uma mãe que não queria a sua bebé seria tão insensível ao ponto de esperar até ao pior do Inverno para a abandonar?", pergunta.

Wendy pensa no que faria se descobrisse que a sua filha era uma das bebés roubadas. Sabe que nunca poderia devolver a menina de seis anos já americanizada. Mas, continua, "certamente gostaria de dizer à família biológica que a filha deles está viva e feliz e talvez enviar-lhes uma fotografia. Construir uma relação com eles mais tarde seria uma decisão da minha filha".

Para muitas famílias biológicas, isso seria suficiente. "Nunca a obrigaríamos a voltar, porque uma miúda criada no Ocidente não quereria viver numa aldeia pobre como esta", diz Yang Jinxiu, sogra de Yang Shuiying. "Mas gostávamos de saber onde ela está. Gostávamos de ver uma fotografia. E gostávamos que ela soubesse que sentimos saudades dela e que não a rejeitámos."
Com Nicole Liu e Angelina Qu, em Pequim
Exclusivo PÚBLICO/"Los Angeles Times"

E o país ficou assim...

Resultados Globais
Votos
Partido % Votos
Votos Mandatos
PS 36.56% 2068665 96
PPD/PSD 29.09% 1646097 78
CDS-PP 10.46% 592064 21
BE 9.85% 557109 16
PCP-PEV 7.88% 446174 15
PCTP/MRPP 0.93% 52633 0
MEP 0.45% 25338 0
PND 0.38% 21380 0
MMS 0.29% 16580 0
PPM 0.27% 14997 0
MPT-PH 0.21% 12025 0
PNR 0.21% 11614 0
PPV 0.15% 8485 0
PTP 0.08% 4789 0
POUS 0.08% 4320 0
MPT 0.06% 3241 0

Mais tarde, depois de respirar bem fundo, darei a minha visão do futuro próximo do nosso país.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Marcello/Bach: Adagio BWV 974 (G. Gould)



Para entrar no espírito do Outono, nada melhor que este Adagio de Bach, interpretado por Glenn Gould.

Uma tarde no Conservatório - Escola das Artes

Eis o relato de um pai que, literalmente, perdeu uma tarde no Conservatório a escollher horário para as aulas de Iniciação Musical II e Piano com a terrível tarefa de conciliar com os horários da Escola e tentando não sobrecarregar as tarefas e horários da sua menina mais velha.
Diálogo entre mim e a funcionária:
Eu: Boa tarde, onde são as inscrições para Iniciação Musical?
Funcionária: São por aqui, tem de estar atento porque começam às 16horas!
Eu: Sim, mas por aqui onde concretamente!?
Funcionária: Já lhe disse nesta zona!
Ok, respirei fundo e fui pregar para outra freguesia. Eis que olho, por acaso, para uma porta e está o nome da professora de IM da minha filha no ano passado, faço-me de tonto e pergunto-lhe se é ali que inscrevo a petiz, muito simpática a senhora diz-me que é no 2º andar. Chego a cima e corre uma folha de papel para organizar a ordem de chegada (nada português, pensei eu!!!), às 15.25 horas era já o 16º inscrito, encontro-me com uma amiga e vamos à caça da Professora de Piano e caçamo-la, horários fixados para as aulas de piano e toca de subir para a Iniciação Musical entro na sala para escolha de horário às 16.40 horas e, finalmente, escolho o horário de IM, desço para falar novamente com a Prof. de Piano tudo acertado, então adeus até dia 6 de Outubro. Vamos para o bar lanchar tentar conciliar tomas/largadas de miúdas para o Conservatório quem fica com quem, quem vai buscar quem tudo acertado e já são 17.40 hrs ala que se faz tarde para ir buscar a mais nova, uma estafa. Já mais morto que vivo o membro masculino do clã vê a prol toda reunida por volta das 18.40 hrs, banhos, jantares, episódio da Docinho de Morango e conto, xixi/cama. Respiro fundo, e o jantar sonhado/ansiado está finalmente servido, o que só aconteceu às 20.55.
Moral: Se os filhos soubessem o que fazemos por eles todos os dias portavam-se bem, sem birras nem reclamações, mas como dizia o outro é a vida!!!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Balanço do 1º dia de aulas

Eu: "Então que tal a escola?"
Ela: "Foi boa,papá, gostei, a professora é simpática."
Moral da história: Todo o meu nervosismo (ansiedade) e mau humor do fim de semana desapareceu num ápice. Que bom, sinto-me feliz por ela ter gostado da professora, dos colegas (disse-nos que já fez um amigo novo o que é sempre bom), espero que assim continue.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

1º dia de aulas



Hoje fui pôr a minha filha mais "velha" à escola (1ª classe) e sinto-me assim tal qual descreve a letra desta música, sinto que vivo momentos de "emoções fortes" e elas (filhas) continuam a crescer a uma velocidade alucinante. Há momentos na vida que julgamos que os filhos devem crescer depressa para não nos "chatearem", mas na hora H, como esta que vivo, sinto um turbilhão de emoções que preferia metê-la numa redoma para a proteger do desconhecido, da competição que agora começa e só terminará no fim da sua vida, vamos ver como se saí desta tarefa (o papá crê que bem!!!. E pensar que tenho de passar por esta provação mais duas vezes é dose (oxalá o coração aguente).

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A gestão do pessoal

A gestão do pessoal
Helena Matos
Não temos Ministério da Educação, mas um ministério que coloca os seus funcionários. Um dos melhores retratos da educação em Portugal é aquele que foi traçado nos recentes debates entre os líderes partidários. Os candidatos falaram sobre avaliação de professores, mas não sobre o ensino. Na verdade, em Portugal há muito que a educação se resume a uma questão laboral. Não temos propriamente Ministério da Educação, mas sim um ministério que coloca e gere as carreiras dos seus funcionários. E o próprio destino dos ministros da Educação é ditado não pelo que faz pela qualidade do ensino, mas sim sobre a relação que estabelece com os sindicatos do sector. Que me recorde, e acompanho este assunto com alguma regularidade, a única questão pedagógica que politicamente se discutiu nos últimos tempos versava os conteúdos da Educação Sexual. Sobre o Português e a Matemática, o Inglês e a História só se fala a propósito dos resultados nos exames nacionais. A Filosofia e a Física têm qualquer dia tantos alunos quantos linces existem na Malcata. Da reforma gramatical iniciada com extraordinária leviandade e assinalável ignorância há cinco anos não se sabe onde pára... Mas nada disto parece ser suficientemente importante para que seja incluído nos debates destas legislativas na temática da educação. É bizarro que o Estado português gaste em média cinco mil euros por ano com cada aluno no ensino dito gratuito, que os os exames revelem que estes mesmos alunos estão progressivamente a aprender menos, que tenhamos problemas graves de indisciplina em muitas escolas e que aquilo de que se fala quando se fala de educação seja do sistema de avaliação dos professores. E é muito preocupante que as lideranças partidárias estejam elas mesmas reféns dessa perversão que reduziu o ensino aos problemas laborais dos professores. Há que fazer uma total inversão das prioridades nesta matéria. A escola tem de ter no centro os alunos. Os professores, os edifícios, os funcionários só existem porque existem alunos. E esses alunos, até esclarecimento mais cabal, estão na escola para aprender, embora levem grande parte do tempo lectivo ocupados com umas disciplinas de nomes pomposos (como Estudo Acompanhado ou Formação Cívica) e conteúdo nulo.Aliás, só a distância entre aquilo que os líderes partidários entendem ser a educação e aquilo que ela realmente é explica que, apesar dos debates terem acontecido em Setembro, mês do início das aulas, uma despesa como a dos manuais escolares não lhes tenha merecido grande atenção. Contudo, cada família gasta anualmente 150 a 200 euros, por criança, com os manuais que vão do 5.º ao 9.º anos, um valor muito superior ao das taxas moderadoras na saúde, assunto que os candidatos tanto apreciam discutir. E quando de alguma forma a temática dos manuais escolares é abordada, restringe-se inevitavelmente à questão daqueles que antes se chamavam pobres, depois carenciados, em seguida desfavorecidos e que agora creio serem definidos como tendo menores rendimentos, mas que, mais cruamente falando, são aqueles que não têm dinheiro para pagar os ditos manuais. Como é óbvio, o prémio da bondade nesta matéria vai para aqueles que reivindicam manuais gratuitos para todos ou, por outras palavras, defendem que os manuais ditos gratuitos sejam pagos através dos impostos, pois o gratuito infelizmente não existe. Mas antes de passarmos o cheque, seja como contribuintes ou compradores, cabe perguntar: para quê tanto manual? Muitos deles, na verdade, não fazem falta alguma. Por exemplo, durante quanto tempo vamos ter de comprar manuais de Educação Física? Noutros casos as aulas são cada vez menos aulas e mais um papaguear autista dos manuais. E por fim temos uma questão incontornável: por que terão os manuais escolares de ter uma vida útil de dez meses? É espantoso que o correio electrónico nos interpele sobre a necessidade de imprimirmos isto ou aquilo e depois, todos os anos, assistimos impávidos a este desperdício de papel e dinheiro, como se ele fosse uma fatalidade. Bastaria que, no final do ano lectivo, se entregassem nas escolas os manuais usados, se seleccionassem os que poderiam ser usados de novo e no início do ano lectivo seguinte certamente que os alunos teriam de comprar novos manuais, mas não para todas as disciplinas.A redução da escola a um espaço do qual os políticos apenas debatem a conflitualidade laboral e quando muito as questões do gratuito leva ainda a que tenha passado quase sem referência a degradação da escola pública enquanto instituição que, a par do serviço militar obrigatório, tinha o mérito de colocar, lado a lado, os filhos dos portugueses, independentemente dos rendimentos, habilitações e estatuto das respectivas famílias. Testemunhos mais ou menos avulsos dão conta de que uma das consequências da presente crise é o regresso de alguns filhos da classe média ao ensino público. Talvez a integração destes alunos e a presença das respectivas famílias sirva para questionar muito do folclore e da falta de autoridade que por lá se fazem sentir, sobretudo até ao 9.º ano. E naturalmente também para confrontar a classe política com o paradoxo que resulta de os portugueses serem suficientemente adultos para pagar impostos e para perceberem a importância da escolaridade obrigatória. Já na hora de decidirem qual escola, pública ou privada, desejam que os seus filhos frequentem, passam a irresponsáveis e o Estado português decide que os seus filhos só podem frequentar a escola pública da sua área de residência. Quando poderemos discutir a possibilidade de o Estado entregar à escola pública ou privada escolhida pelas famílias a verba que vai gastar com a escolaridade obrigatória dessas crianças? Tudo isto é demasiado importante e demasiado caro para que fique restringido no debate político à relação que o ministro oficial, o primeiro-ministro e os candidatos a sê-lo têm ou pensam vir a ter com o ministro-sombra, a saber Mário Nogueira, sobre o omnipresente assunto da gestão do pessoal. Jornalista

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

I Don't Wanna Miss a Thing

I could stay awake just to hear you breathing

Watch you smile while you are sleeping

While youre far away dreaming

I could spend my life in this sweet surrender

I could stay lost in this moment forever

Every moment spent with you is a moment

I treasureDont want to close my eyes

I dont want to fall asleep

Cause Id miss you baby

And I dont want to miss a thing

Cause even when I dream of you

The sweetest dream will never do

Id still miss you baby

And I dont want to miss a thing

Lying close to you feeling your heart beating

And Im wondering what youre dreaming

Wondering if its me youre seeing

Then I kiss your eyes

And thank God were together

I just want to stay with you in this moment forever

Forever and ever

Dont want to close my eyes

I dont want to fall asleep

Cause Id miss you baby

And I dont want to miss a thing

Cause even when I dream of you

The sweetest dream will never do

Id still miss you baby

And I dont want to miss a thing

I dont want to miss one smile

I dont want to miss one kiss

I just want to be with you

Right here with you, just like this

I just want to hold you close

Feel your heart so close to mine

And just stay here in this moment

For all the rest of time

Dont want to close my eyes

I dont want to fall asleep

Cause Id miss you baby

And I dont want to miss a thing

Cause even when I dream of you

The sweetest dream will never do

Id still miss you baby

And I dont want to miss a thing

Dont want to close my eyes

I dont want to fall asleep

I dont want to miss a thing

Damien Rice - The Blower's Daughter



Per te!!!

É isso aí (The Blower's Daughter)

É isso aí

Como a gente achou que ia ser

A vida tão simples é boa

Quase sempre

É isso aí

Os passos vão pelas ruas

Ninguém reparou na lua

A vida sempre continua

Eu não sei parar de te olhar

Eu não sei parar de te olhar

Não vou parar de te olhar

Eu não me canso de olhar

Não sei parar

De te olhar

É isso aí

Há quem acredite em milagres

Há quem cometa maldades

Há quem não saiba dizer a verdade

É isso aí

Um vendedor de flores

Ensinar seus filhos a escolher seus amores

Eu não sei parar de te olhar

Não sei parar de te olhar

Não vou parar de te olhar

Eu não me canso de olhar

Não vou parar de te olhar

terça-feira, 25 de agosto de 2009

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Como o dinheiro público se transforma em dinheiro privado

Como o dinheiro público se transforma em dinheiro privado
Santana Castilho - 20090819

É chocante o desprezo pela autonomia das escolas, sempre apregoada, mas sempre calcadaClara Viana (PÚBLICO de 16/8/09) veio dar- nos conta daquilo que alguns gostariam que passasse de fininho: por convite directo, sem concurso nem publicitação, foram gastos mais de 20 milhões de euros em projectos de arquitectura de remodelação de escolas secundárias. Num útil trabalho jornalístico, Clara Viana e as suas fontes, o presidente da Ordem dos Arquitectos e o director do Departamento de Salvaguarda do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, entre outros, deixaram inquietos os contribuintes conscientes. Quando está em jogo um investimento de 2,5 mil milhões de euros, não é aceitável a falta de transparência e os expedientes dúbios agora denunciados.
Os impostos são a forma universal de transformar o dinheiro privado em dinheiro público. A engenharia burocrática é um dos processos particulares de verter em dinheiro privado o dinheiro público. Enquanto fórmulas legais de extorsão, estão sujeitas à censura política e ao crivo da apreciação ética e moral. Foi por isso que critiquei, em artigo de 26 de Fevereiro de 2007, a constituição da "Parque Escolar, EPE", "entidade pública empresarial", na origem da matéria em análise.
As chamadas empresas públicas nasceram como cogumelos. Na sua génese estão teorias ligeiras, de cariz neoliberal, segundo as quais só há eficácia no sector privado, ou espertezas que visam tornear as dificuldades de um Estado que não se sabe reformar. Falsas questões. Porque há empresas privadas tão burocratas como o mau Estado e instituições públicas que funcionam bem e são eficazes. A dicotomia não é, portanto, entre o público e o privado. É entre o bem gerido e o mal gerido. A diferença séria está no que visam instituições diferentes: o sector privado visa o interesse (legítimo) privado; o sector público visa o interesse colectivo; o que significa que existem matérias que devem ficar sob o foro público e outras em que o Estado não se deve meter, senão para regular e fiscalizar. Mas naquelas em que podem (e devem) coexistir os dois modelos, é bom que não sejamos promíscuos.
Uma "entidade pública empresarial" afigura-se-me uma coisa promíscua, híbrida como as fundações modernas, que retiram do saco público, directamente, ou por interposto expediente, o dinheiro que deveria ser próprio. A "Parque Escolar, EPE" nasceu para desempenhar um papel híbrido, adequado à gestão política do Governo que a concebeu. Sendo Estado (porque é integralmente do Estado, foi do Estado que recebeu o património, é ao Estado que reporta e é o Estado que lhe nomeia os corpos gerentes e cobre, com os nossos dinheiros, os resultados de eventual má gestão) não se sujeita às regras das instituições do Estado. Com efeito, pode, entre outras prerrogativas, vender, comprar e contratar por ajuste directo; pode admitir trabalhadores sem sujeição a congelamentos; pode fixar-lhe livremente o salário e os modelos de gestão, em todas as vertentes, disciplinar inclusa. Sendo empresa, tem privilégios que fazem inveja: não paga taxas, não tem que fazer qualquer registo, nem sequer o comercial; tem poderes para expropriar, embargar, cobrar taxas e decretar demolições. O desaforo é tal que, se algum português demandar pessoalmente, em juízo, qualquer titular da "Parque Escolar, EPE", ou simples trabalhador (presto tributo a este rasgo proletário), por factos praticados no exercício das suas funções, os ditos estão isentos do pagamento de custas judiciárias e têm direito a patrocínio judiciário, que pode ser assegurado pelos serviços jurídicos respectivos ou por advogado contratado (e pago por todos nós).
O que fica dito a propósito desta empresa pública não esgota os reparos possíveis e é tão-só paradigma de uma maneira reprovável de gerir e mascarar factos: o Governo diminuiu as verbas consignadas às remunerações certas e permanentes do funcionalismo público, cortou e extinguiu aí, para aumentar exponencialmente as consignadas a aquisições de serviços em outsourcing, num belo processo de transformar rápida e legalmente dinheiro público em dinheiro privado. Como se a moral não existisse e não devesse preceder sempre a invocação da capa asséptica da lei. Como se a verificação da conformidade com as normas resolvesse a incomodidade cívica que resulta da ausência de ética neste tipo de gestão. Como se a maioria preterida, gente de segunda, devesse ceder, subserviente, o passo à minoria preferida, gente de primeira.
No caso concreto em apreço e noutra vertente de análise, é chocante o desprezo pela autonomia das escolas, sempre apregoada, mas sempre calcada. O mesmo Governo que a invoca em nauseantes discursos de pura propaganda política retirou aos gestores das escolas qualquer direito sobre um dos instrumentos de gestão mais básicos, qual seja o próprio espaço físico em que actuam. De uma penada, o direito de propriedade de sete escolas de referência (Liceu Nacional de D. Dinis, Liceu D. João de Castro, Liceu Pedro Nunes, Liceu de Passos Manuel, Liceu Rodrigues de Freitas, Escola do Príncipe Real e Escola Comercial Oliveira Martins) passou para a "Parque Escolar, EPE". Os utentes de décadas nem mereceram que o seu quadro de utilização futura justificasse qualquer referência, simbólica que fosse. A capacidade dos professores gerirem o interesse das escolas no quadro das intervenções técnicas de arquitectura foi liminarmente ignorada. Mas a capacidade da "Parque Escolar, EPE" verter na sua actividade os desenvolvimentos da Psicologia, das Ciências Sociais e das Políticas Públicas foi acolhida em lei. Significativa distinção. Professor do ensino superior.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Adeus, não afastes os teus olhos dos meus


Sabe bem ouvi!!!

Não toques nos objectos imediatos

Não toques nos objectos imediatos.
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chavená,são loucos todos os objectos.
Uma jarra com um crisântemo transparentetem um tremor oculto.
É terrível no escuro.
Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
A boca fica em chaga.
(Herberto Helder)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Desemprego...9.1%

Infelizmente, o desemprego atingiu e ultrapassou a mítica barreira dos 500000 desempregados, muitos deles jovens que não conseguem ou alcançar ou manter um emprego. Para mim é muito preocupante esta situação, embora julgue que deve-se a uma conjuntura adversa e uma redireccionalização de valores económicos e como tudo no mundo da economia e cíclico.
No entanto, não deixo de pensar naqueles que querem trabalhar e não conseguem um emprego e logo ficam sem sustento para as suas famílias e os outros aqueles que chamo de "sugas" que não querem trabalhar, nem querem ouvir falar em trabalho e recebem alegremente um cheque no valor de 350€ ao final do mês a título de Rendimento Mínimo Garantido.
Estou fartinho deste governo que não quer ver como está este país que nós (pelo menos eu) amamos a se definhar de dia para dia como que atacado por um cancro que o roí até aos ossos, e o nosso filósofo (Sócrates) a assobiar para o lado.
Haja vergonha, cadê os 150000 empregos, onde pára o deficit ??? E quando a bolha nos rebentar nas mãos quem nos irá acudir? Não temos petróleo, logo estamos feitos...
Desculpem o mau humor, mas já não aguento com a imbecilidade de certas pessoas nas quais infelizmente votei.

As fases das filhas

Declaração de interesses: Adoro as minhas três filhas e não consigo encontrar-lhes defeitos!
Posto isto, estamos a atravessar uma fase curiosa na nossa relação com as nossas filhas, a mais velha (6 anos) é muito responsável, muito atenta e, diria eu, uma verdadeira irmã galinha, com ela podemos conversar de algo mais sério, explicar-lhe que o dinheiro infelizmente não cai do ceú, e que para termos umas coisas temos de prescindir de outras que achemos não serem tão prioritárias, apesar de algumas "mini birras" de frustração na generalidade entende e tem o condão de servir de correia transmissora da mensagem para a irmã do meio.
A minha filha do meio (com 4 anitos) vive uma fase de afirmação pessoal com um turbilhão de emoções que se passam naquela cabeça, deixou de ser a mais nova e também não é a mais velha e isso penso que está a afectá-la um pouco, mas tentamos minimizar os danos colaterais, com doses extra de paciência (que confesso às vezes falta) e muito carinho. Ficou angustiado de pensar que ela por algum momento se sinta menos desejada, ainda por cima no meu intimo gosto daquela capacidade que ela tem de transgredir com uma carinha de santa que só vendo. Por estes dias releio O Grande Livro da Criança (Mário Cordeiro) e em breve o Livro do Brazelton (uma bíblia para mim). Com ânimo conseguiremos ultrapassar esta fase como o fizemos com a mais velha e faremos com a mais nova.

A minha filha mais nova (18 meses) começou a andar tarde (aos 17 meses), mas agora ninguém a pára, adora interagir com as irmãs e não tarda nada estará a "cravar" uma estadia mais prolongada/permanente no quarto das ditas. Adora a mamã, e julgo que chama mamã a todos aqueles de quem gosta em casa, eu por exemplo, sou mamã para ela, os avós são abô ou abó, diz gato e chá manda a nossa Labrador se deitar com um deita afirmativo, entre muitas outras palavras, mas eu sou mamã, apesar de dizer-lhe já umas 1500 vezes que sou o papá.
Enfim, vamo-nos adaptando às fases das nossas filhas que, no fundo, são novas fases de vida para nós enquanto casal.

Wherever you will go - The Fray

Memory (Thomas Bailey Aldrich)

Memory

My mind lets go a thousand things,
Like dates of wars and deaths of kings,
And yet recalls the very hour--
'Twas noon by yonder village tower,
And on the last blue noon in May--
The wind came briskly up this way,
Crisping the brook beside the road;
Then, pausing here, set down its load
Of pine-scents, and shook listlessly
Two petals from that wild-rose tree.

(Thomas Bailey Aldrich)

Greg Laswell-Off I Go [Grey's Anatomy Soundtrack Season 5]



Series que nos tocam, que nos transportam para uma realidade que pode muito bem ser a nossa, a do dia a dia que por vezes não é cor de rosa, que tem os seus momentos cinzentos, mas que no fim com força e animo conseguimos dar a "volta" por cima, encontrando forças onde nunca imaginamos ter.

P.S - A Anatomia de Grey que religiosamente eu e a minha mulher vemos às 5ªs feiras (ou noutro dia, quando não podemos ver no dia, graças à Zon Box)não será a mesma sem o George O´Malley, como o ER nunca mais foi o mesmo sem o Dr.Bent ou o Dr.Green e o Carter cresci humanamente com o ER, a Anatomia de Grey, o Everwood, e tantas outras series que nos enriqueçem e nos fazem amadurecer enquanto homens.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

José Sócrates: Cronologia de um líder improvável (conclusão)


Janeiro a Dezembro de 2008 - Casos e campanhas
Helena Matos
José Sócrates: cronologia de um líder improvável (conclusão)
É como se fosse um jogo de xadrez: a cada caso, o primeiro-ministro responde vitimando-se e espalhando dinheiro. Em simultâneo, os ministros dão o dito por não dito e recuam nos intuitos reformistas que tiveram. Na Educação, o resultado é grotesco: incutiu-se a ideia de que os sacrifícios são necessários à reforma mas o ministério recuou praticamente em tudo, à excepção do acréscimo de burocracia. Doutros ministros, como os da Defesa, Justiça, Ambiente e Negócios Estrangeiros, quase se pode supor que se esforçam por tornar o mais discreta possível a sua presença no executivo. Mês a mês, reforça-se a convicção de que José Sócrates governa como se nunca equacionasse que um dia pode ser oposição. A politização da administração pública, a actuação servil dos organismos de regulação e um Estado cada vez mais omnipresente são o legado que deixa a quem lhe suceder. Estranhamente, até ao final deste ano, nunca parece ter pensado que não seria ele a suceder-se a si mesmo.Janeiro e Fevereiro de 2008 - O maior problema do Governo não foi a substituição de Isabel Pires de Lima por um equívoco chamado Pinto Ribeiro e de Correia de Campos por Ana Jorge, muito mais hábil com as corporações do sector e com a imprensa. Muito menos as acusações de governamentalização do BCP para cuja administração passam, vindos directamente da CGD, Carlos Santos Ferreira, Armando Vara e Victor Fernandes. Nestes meses, as preocupações do executivo iam dar a umas casas cujos projectos Sócrates terá assinado embora os donos das mesmas casas não o confirmem. No meio da confusão entre a acumulação de funções empresariais e o cargo de deputado por parte de Sócrates, o caso enreda-se. Para o futuro, fica a carta que José Sócrates escreve ao director do PÚBLICO, pois nela estão delineados os argumentos que já ouvíramos aquando do caso da licenciatura e que se ouvirão seguidamente no caso Freeport e que, por fim, se tornarão na linha da campanha do PS: tudo o que questione Sócrates é uma mentira nascida de motivações ocultas. Março a Maio de 2008 - Nos bastidores dos partidos, vivem-se momentos dos quais não reza a História mas que sabemos simbólicos. Um desses momentos sucedeu em Março de 2008, no Porto, quando os responsáveis do PS transferiram para o Pavilhão Académico o comício inicialmente convocado para a Praça de D. João I. Esta mudança implicou explicar a José Sócrates que o PS não ia conseguir competir em matéria de rua com a Fenprof, que, a 8 de Março, enchera as ruas de Lisboa. Ao país, o confronto entre o discurso da propaganda e a realidade chega não tanto pela queda do indicador da OCDE sobre a economia portuguesa ou as denúncias da intervenção governamental na Lusa. O que condensa essa divergência entre o dito e o acontecido é a notícia de que Sócrates fumou a bordo de um avião da TAP durante uma viagem oficial à Venezuela. De repente, foi como se as palhaçadas de agit-prop a que Chávez sujeitaria a delegação governamental portuguesa tivessem entrado também no avião. Afinal, o primeiro-ministro que, em Maio de 2008, fumou a bordo era exactamente o mesmo cujo Governo fazia sair legislação severa para erradicar os locais de fumo e que, mais uma vez, se assanhava com o pequeno comércio, incapaz de cumprir tanto regulamento. O argumentário do primeiro-ministro coloca-o novamente do lado da legalidade face às polémicas infelizes: "Estava convencido de que não estava a violar nenhuma lei nem nenhum regulamento. Infelizmente, há essa polémica em Portugal e eu quero lamentar essa polémica". No ar ficou não o fumo do cigarro mas qualquer coisa de Chávez.Junho de 2008 - O primeiro--ministro, com o novo aeroporto já devidamente arrumado em Alcochete, apresenta agora o TGV como o "projecto que vai mudar Portugal" e mostra-se particularmente à vontade na ambiência de catástrofe anunciada em que os líderes políticos engrenaram há alguns anos: depois das alterações climáticas e da gripe das aves, chegou a vez de a escassez dos combustíveis e a subida do preço dos cereais servirem de pretexto para o lançamento vertiginoso de programas, taxas e apoios que se esfumam tal como as catástrofes anunciadas. No último dia de Junho de 2008, Dias Loureiro apresenta a biografia de Sócrates da autoria da jornalista Eduarda Maio. Esta tem por título Sócrates - O menino de ouro do PS. O título pode não ser grande coisa, mas é uma realidade: em Junho, Santos Silva reafirma a intenção do PS de pedir maioria absoluta nas legislativas. Na AR, Paulo Rangel, cujo discurso do 25 de Abril de 2007 fora notado, passa a liderar a bancada do PSD. Sendo certo que toda a opinião pública e publicada considera que o principal partido da oposição tem um problema no silêncio de Manuela Ferreira Leite, que sucedera a Luís Filipe Menezes. Os exames colocam uma nova questão: está o ministério a fazer testes mais fáceis para assim obter melhores estatísticas? Sócrates garante que não.Julho, Agosto e Setembro de 2008 - Quando, a 31 de Julho de 2008, o Presidente da República faz uma comunicação ao país, os portugueses sentem-se desiludidos por o tema ser o Estatuto dos Açores. Perderam-se horas a aventar hipóteses sobre doenças e demissões. A paixão nacional pelas doenças levará a que se especule gulosamente com o quadro clínico de quem nos governa mas só um grande infantilismo político, a par de um profundo desconhecimento sobre as personalidades de Cavaco Silva e José Sócrates, pode explicar que neste Julho de 2008 se concebesse como possível repetir o quadro de Novembro de 2004, quando Jorge Sampaio fez cair o Governo de Santana Lopes. Quando, dentro de um ano, o Tribunal Constitucional se pronunciar sobre o mesmo Estatuto e pouco depois surgir o caso da não recondução de João Lobo Antunes no Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida dá-se como banal adquirido que quer os partidos quer o primeiro-ministro assumem compromissos com Cavaco Silva que posteriormente não cumprem. Mas, no Verão de 2008, o Estatuto dos Açores é ainda uma espécie de moinha nas relações entre Cavaco e Sócrates. A moinha voltará a dar sinal quando se tornar público que o PR espera há dois meses pelos estudos das obras públicas. Alguns militantes socialistas denunciam o que definem como "claustrofobia asfixiante" existente no PS. No país, cresce o sentimento de insegurança perante a criminalidade, mas, para o Governo, esse é um erro de percepção.Outubro de 2008 a Dezembro de 2008 - Este é um período estranho: em Portugal, voltou a conjugar-se o verbo nacionalizar, no caso o BPN. Nas ruas de Lisboa, a Fenprof recria o ambiente do PREC graças ao que define como maior manifestação de sempre. Manuel Alegre continua a fazer render o seu milhão de votos. Sócrates já admite vir a governar em minoria. Mais invulgares para os hábitos nacionais são os ataques ao governador do Banco de Portugal e a prestação do primeiro-ministro promovendo o Magalhães na Cimeira Ibero-Americana. Mas o que é realmente importante neste período não é, por enquanto, visível: José Sócrates sabe que, depois do caso da licenciatura, depois dos projectos das casas, está para chegar o Freeport. Por enquanto, são apenas pequenas notícias dando conta de que o processo Freeport, em segredo de justiça há vários anos, foi pedido para "consulta" pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal e que a polícia inglesa investiga fluxos suspeitos de dinheiro para Portugal. Mas quando o primeiro-ministro se dirige aos portugueses na mensagem de Natal de 2008, prometendo-lhes ajuda em tempos de crise económica, já está a fazer o seu caminho a carta rogatória das autoridades britânicas que o engloba na investigação ao Freeport. Em Janeiro de 2009, chega às primeiras páginas dos jornais. Desde aí, deixa de estar em causa o que o Governo faz ou não faz, pois o eixo da vida política deslocou-se para outro plano: o das histórias e vicissitudes do primeiro-ministro. E é sob esse ângulo ou suspeição que tudo é visto. Sócrates não é mais o homem a quem os portugueses deram uma maioria absoluta em 2005 e que esta cronologia procurou acompanhar. É alguém que corre contra o tempo para ganhar não eleições, coisa comezinha, mas sim os votos que lhe darão um novo ciclo político. Poucos candidatos tiveram alguma vez tanto em jogo quanto Sócrates vai ter em Setembro de 2009. Jornalista

Dia Mundial do Canhoto

É verdade, também há um dia mundial para todos aqueles que como eu são canhotos!!!
Com efeito, deste pequenino senti as dificuldades que um canhoto passa, a enumerar (só algumas):
  1. As tesouras são, ou melhor, eram só pensadas para os destros, os canhotos para cortarem uma simples folha de papel além de levarem horas, cortavam-na mal, com falhas, enfim, horrivel!
  2. Para escrever se a caneta tivesse um pouco de tinta a mais ficava tudo borrado, uma vergonha mostrar um cópia ou um ditado à professora primária naquele estado, e pior era fazê-la entender que era mesmo verdade por ser canhoto borrava, e não por ser descuidado com os trabalhos.

Quando fui estudar para Lisboa, encontrei no Bairro Alto uma loja, ou melhor, um templo com utensilios só para canhotos, foi como um sonho tornado realidade, uma felicidade extrema, com um único obstáculo as canetas continuam borrando e às vezes é aborrecido, mas agora como sou "dr." já ninguém tem lata de dizer que está borrado, que fica "feio" acham piada ao facto de ser canhoto (também nunca entendi qual era a graça, mas...).

Enfim, vivam os canhotos deste mundo alguns deles famosos a começar por mim acabando no Bill Clinton ou no Barack Obama (viram quando ele assinou o termo de posse como Presidente dos EUA a ginástica que fez para não borrar a assinatura!!).

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Março a Dezembro de 2007: as traquinices do menino de ouro

Março a Dezembro de 2007: as traquinices do menino de ouro
Helena Matos
José Sócrates: cronologia de um líder improvável (continuação)Este é um tempo marcado pelas revelações em torno da licenciatura de Sócrates. Perante o escândalo, o PS reagiu como reagem as grandes famílias quando o seu menino de ouro faz asneira: uniu-se, pelo menos publicamente, acusou os outros de mentir e, no limite das evidências, culpou as companhias e arrumou o assunto como se fosse uma traquinice. Teria sido diferente a atitude do PS caso o partido não estivesse no poder? Talvez. Mas acontece que o PS era poder e entendeu que devia defender o seu líder. Os efeitos dessa opção para o partido ver-se-ão no futuro. Para o país foi um desastre, pois desde Março de 2007 que o maior partido português confunde deliberadamente responsabilidade criminal e responsabilidade política.
Março e Abril de 2007 - Dado o ritmo a que a blogosfera comenta o processo académico de Sócrates, em S. Bento sabe-se, desde o fim do Fevereiro, que se está em contagem decrescente para que o assunto se transforme em notícia. Só resta saber quando. Mas enquanto a crise da licenciatura não estala eis que a criação do Conselho Superior de Investigação Criminal, a ser presidido pelo primeiro-ministro, suscita uma inusitada reacção por parte dos assessores de Sócrates que telefonam para alguns daqueles que assinaram artigos de opinião criticando este novo organigrama das forças policiais e do próprio Governo: o então ministro da Administração Interna, António Costa, e o secretário de Estado José Magalhães iniciam um blogue na própria página do ministério onde fazem comentário aos comentadores. Se o reforço do Estado-polícia gera polémica, já a actuação do Estado-empresário, essa continua inquestionável: neste mesmo mês de Março, a Caixa Geral de Depósitos votou contra a desblindagem da Portugal Telecom inviabilizando assim a OPA da Sonae sobre a PT. Entretanto a rua emerge: a CGTP garante ter congregado mais de cem mil pessoas em protesto contra a política governamental. E um dado que o futuro provaria não ser irrelevante em matéria de manifestações: Mário Nogueira foi eleito secretário-geral da Fenprof.Quase no final de Março o assunto da licenciatura de Sócrates é finalmente tratado na imprensa escrita, mais precisamente no PÚBLICO. O que sucede nas semanas seguinte é apenas controlo de danos: o ministro Santos Silva fala de "jornalismo de sarjeta" e defende um novo Estatuto para a classe. Mário Soares diz que Sócrates é alvo de "ataques raivosos da direita". Os assessores governamentais continuam a fazer de telefonistas e a responder aos blogues. A Assembleia da República descobre que tem dois registos biográficos de José Sócrates datados de 1992 e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) pretende averiguar se existem pressões. O reitor da UnI é detido. Na sua posse tem uma pasta com documentos sobre as licenciaturas de José Sócrates e Armando Vara. Os partidos vivem tudo isto com manifesto embaraço. José Sócrates dá finalmente a entrevista possível na RTP. Parafraseando uma velha frase: aos costumes disse nada. Mas também o objectivo desta entrevista não era esse: tratava-se sim de um ritual para encerrar este equívoco capítulo do passado. Ritual cumprido, Sócrates tem boas notícias para o futuro: Novas Oportunidades, projectos de Potencial Interesse Nacional (PIN) e possibilidade de referendo ao que então ainda se chamava Tratado Constitucional da UE. Sócrates acaba o mês a acusar a oposição de "bota-abaixismo", sendo o principal visado desta acusação Marques Mendes que levantara questões sobre a Ota e a ida de Pina Moura para a TVI. O país constata que Sócrates é um osso duro de roer. Característica que provavelmente agradou aos portugueses que já começavam a acreditar ser sua sina que os primeiros-ministros não terminassem os mandatos.
Maio de 2007 - Para defender a escolha da Ota, Mário Lino declara que "na margem sul não há cidades, não há gente, não há hospitais, nem hotéis nem comércio" e garante, em francês, que jamais o aeroporto irá para esse "deserto".Com declarações deste teor Sócrates deixou de precisar de explicar que sem ele o Governo não passava dum conjunto de baratas tontas. Quanto ao PS, a avaliar pelas declarações do seu presidente, Almeida Santos - "um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada?" - o desacerto era evidente e o partido bem precisava do apoio do secretário-geral para fazer face às revelações sobre os financiamentos que o PS aceitara quer em Felgueiras quer no Brasil.Continuavam as notícias sobre a licenciatura de Sócrates ou mais precisamente sobre aquilo que o liga a António Morais e Armando Vara. No meio de tanto passado as questões do presente correm em catadupa: no final do mês, o Presidente da República faz um apelo a que se reaprecie o dossier Ota; o primeiro-ministro anuncia que meio milhão de pessoas vai ter computador e Internet mais baratos, a CGTP organiza uma greve geral e a candidatura de António Costa à autarquia lisboeta obriga à sua substituição no MAI por Rui Pereira.A suspensão de um funcionário da Direcção Regional de Educação do Norte por este ter feito um comentário jocoso sobre a licenciatura do primeiro-ministro chama a atenção para a partidarização da administração pública. Nada que não se soubesse acontecer mas que com o PS de Sócrates é assumido.
Junho 2007 - O Governo começa a preparar o recuo na questão da Ota: quando Cavaco Silva recebe o estudo patrocinado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), que apontava Alcochete como alternativa à Ota, Mário Lino anuncia que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) vai comparar as opções Ota e Alcochete.A CGTP continua a encher as ruas. Quanto ao primeiro-ministro, parece apostado em transmitir convicção: diz que Portugal não voltará a enfrentar crises orçamentais, dado o alcance das reformas que o Governo empreendeu e anuncia que o acordo com Joe Berardo deslocou o roteiro internacional de arte contemporânea de Madrid para Lisboa
Julho, Agosto e Setembro de 2007 - Boas notícias para José Sócrates: Portugal tem a presidência da UE; António Costa torna-se presidente da CML; o ex-inspector da PJ que denunciou o caso Freeport foi condenado a oito meses de prisão e ao pagamento de uma multa; a PGR arquivou o inquérito à sua licenciatura, embora não consiga explicar como um certificado com data de 1996 inclui um impresso que só podia existir depois de 1998. Entretanto o PSD está sem líder, pois Marques Mendes demite-se na sequência dos resultados das autárquicas lisboetas.Este é o Verão em que a ASAE se enfurece com as bolas-de-berlim, a aguardente de medronho e a Ginginha do Rossio. O responsável da ASAE defende publicamente que metade dos cafés de Portugal deve fechar e comporta-se como se dirigisse um corpo especial e inquestionável de polícia.
Outubro, Novembro e Dezembro de 2007 - Agentes policiais levam material da sede de um sindicato na Covilhã, cidade que iria ser visitada por Sócrates. No meio deste ambiente meio anacrónico tem lugar a cimeira UE-África que traz a Lisboa ditadores vários e o festival da tenda de Kadhafi. Pragmaticamente os portugueses constatam que da América Latina a África aquilo a que pomposamente se chamava política externa é cada vez mais uma política de negócios no estrangeiro. Este é o tempo do "porreiro, pá" que Sócrates profere a Durão no final da conferência que viu nascer o Tratado de Lisboa: no Parlamento está tudo reduzido a combates entre o imbatível primeiro-ministro e o menino-guerreiro, ou seja, Santana Lopes, que o novo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, tornara líder parlamentar. A oposição está sobretudo na rua, sobretudo na CGTP, que só em Outubro fez desfilar 200 mil manifestantes. Mas, acredita-se por essa época em S. Bento, não será difícil mostrar as ligações da CGTP ao PCP e como tal apresentar toda esta contestação como um entrave ao espírito reformista do Governo de de Sócrates, que finda o ano em beleza com a assinatura do Tratado de Lisboa.Para Sócrates, o pior parece ter passado. (continua). Jornalista

Falar verdade...

Não costumo emitir opiniões partidárias no meu blog (que está aberto a todos sem excepção), no entanto houve algo que ouvi que me chateou imenso...
Ontem, ouvi estarrecido o papagaio, perdão, o porta-voz do PS dizer que as listas do PSD eram uma mentira que não estavam a falar verdade sobre os candidatos, nomeando o Alberto João Jardim quando se sabia que ele não seria candidato a deputado, será que esta alma não reparou que em todas as eleições à Assembleia da República tem sido assim????
Mais tarde, a voz do dono chamado Pedro Silva Pereira veio dizer que tinha existido um saneamento político no PSD pelo afastamento dos adversários internos à líder do PSD, agora pergunto o que foi que se passou com as listas do PS às legislativas, não houve um saneamento dos chamados "alegristas" e não existiram propostas indecentes à inefável Joana Amaral Dias.
É caso para se concluir que impera a velha máxima nos dois maiores partidos portugueses, isto é, "fala o roto do esfarrapado".

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Mudanças...

Uma semana após o último post retomo a escrita no blog, exceptuando a crónica de ontem da Helena Matos, razão para o desaparecimento mudança de gabinete e edificio!!!
Foram nove anos no mesmo gabinete, convivendo diáriamente com as mesmas pessoas,algumas indo embora muitas ficando, umas mais queridas outras foi um favor terem saído da vista.
Deixei algumas amizades no anterior espaço, com especial destaque para a minha ex-colega de gabinete Sofia, as minhas amigas (posso considerá-las como tal) Nádia e Sófia, e outras pessoas que com o passar dos anos fizeram parte do meu espaço e que guardarei para sempre no meu coração.
Saudades tenho algumas, de conversar com a Sofia, de ir ao café com as ditas amigas, falar de tudo e mais alguma coisa, enfim, não emigrei e por isso irei sempre assinar o "ponto".
Obrigado a todos(as) e estou certo que nos vamos nos cruzando!!!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cronologia de um líder improvável - Helena Matos (Público)

Crónica de Helena Matos hoje no "Público"
Cronologia de um líder improvável
Helena Matos

Setembro 2004 a Julho 2005: José Sócrates, o homem certo no momento certo

Setembro a Dezembro de 2004 - José Sócrates torna-se secretário-geral do PS. Para trás ficam Manuel Alegre e João Soares. Sócrates foi líder da oposição dois meses e alguns dias, pois, a 1 de Dezembro, Jorge Sampaio dissolve a Assembleia da República. Teria José Sócrates aguentado anos como líder da oposição, caso Sampaio não tivesse considerado que a demissão do ministro do Desporto punha em causa o regular funcionamento das instituições? Das especulações não reza a História, mas António José Seguro e Vitalino Canas, que tinham desistido de se candidatar à liderança do PS, certamente concluíram que em política a sorte é muito importante.

Março de 2005 - Toma posse o Governo de Sócrates. Na apresentação do programa do Governo, o chefe do executivo declara que serão investidos mais de 20 mil milhões de euros em áreas que considera vitais para o país. Anunciou a redução das férias judiciais, o documento único automóvel, o cartão de cidadão e uma "via rápida" para o licenciamento de projectos fundamentais. Assumiu ir referendar o aborto e declarou que pretendia que o governador do Banco de Portugal apurasse não só o défice de 2004 - "que sabemos ser bem superior a cinco por cento em termos reais" -, mas também a "verdadeira situação das contas públicas que este Governo encontra". Ninguém se interroga sobre o condicionamento que estas declarações implicam para Vítor Constâncio, pois dificilmente este poderia, a partir desse momento, produzir um relatório que contrariasse este saber antecipado do primeiro-ministro.

Março a Maio de 2005 - A maior parte das notícias sobre o Governo pareciam transcrições das conversas entusiásticas dos assessores governamentais. Sócrates passa um dia em Helsínquia e a todos parece naturalíssimo que, apesar da brevidade da visita, declare ser a Finlândia o país inspirador "para a agenda de reformas internas que está apostado em levar a cabo". Entre essas reformas conta-se o Inglês no ensino básico e o "choque tecnológico" que levaria o Governo a anunciar ir colocar mil novos licenciados em Gestão e Economia em pequenas e médias empresas.
Fica-se também a saber que "uma das primeiras prioridades" do executivo era a criação de uma base de dados com perfil genético de todos os cidadãos; que os presidentes das comissões de coordenação das comissões regionais (CCDR) voltam a ser nomeados apenas pelo Governo e que o IVA vai aumentar de 19 para 21 por cento para assegurar o financiamento da Segurança Social.
Umas declarações do então ministro da Saúde, Correia de Campos, a defender a subida das taxas moderadoras nos casos de falsas urgências são apenas um fait-divers neste verdadeiro estado de graça do primeiro-ministro e até a nomeação de Fernando Gomes para a Galp ainda é entendida como uma cedência inevitável a um boy: mal por mal antes na Galp do que no Governo a atrapalhar um primeiro-ministro tão empenhado em fazer as reformas tão difíceis que o país precisa, terão pensado muitos portugueses e não exclusivamente os eleitores do PS.

Junho de 2005 - Os trabalhadores da função pública fizeram uma manifestação, mas as revelações sobre o número de funcionários públicos destacados nos sindicatos - só professores eram 1100 - são suficientes para que "a rua" não inquiete o primeiro-ministro. As preocupações nascem sim com acidentes de percurso: o Diário Económico descobre erros nas contas do orçamento rectificativo apresentado pelo ministro Campos e Cunha. E entre os socialistas há quem ache que os portugueses precisam de boas notícias, após tanta pressão sobre a necessidade do controlo da despesa. O DN até explica que dada a fraca presença de Manuel Pinho nos media foi elaborado um calendário político com o anúncio sistemático de medidas positivas do Estado, que nesta fase se confunde com o Governo. E todos os dias havia boas notícias: "José Sócrates atribui prioridade à Ota, TGV, CRIL e auto-estrada até Bragança"; "Ao todo serão lançados cerca de 200 projectos em Portugal no espaço de quatro anos"; "Governo: programa hoje apresentado prevê 120 mil novos postos de trabalho"; "25 mil milhões para relançar a economia" - são alguns dos títulos que por então garantem que Sócrates certamente sabe o que faz.

Julho de 2005 - Luís Campos e Cunha deixa o Governo. Cansaço e razões pessoais serão a explicação oficial para esta saída. Na verdade, o que estava em causa eram as opções para o investimento público e a escolha de Armando Vara para a liderança da CGD. Noutro contexto, esta saída teria abalado a confiança no primeiro-ministro. Mas no Verão de 2005 os portugueses precisam de acreditar que têm no Governo o homem que lhes garante que podem ir sossegados para férias e o PS acredita que encontrou o líder que Guterres não conseguiu ser. (continua)
No ano da graça de 2009 um espectáculo gera polémica e terá mesmo estado para ser suspenso, em Portugal, porque o texto critica, pasme-se!, um encenador. Mais precisamente um grupo de actores pegou no texto do manifesto anti-Dantas de Almada Negreiros e adaptou-o ao século XXI. No lugar de Júlio Dantas está agora Ricardo Pais. Vai daí nasce não um escândalo, coisa que precisa de público, mas na falta dele uma sucessão de declarações e contradeclarações que não sei porquê me lembra as sessões protocolares de cumprimentos no Palácio da Ajuda: o director artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Diogo Infante, afirma que já manifestou a sua solidariedade a Ricardo Pais e declara-se consternado. Os responsáveis do Opart, entidade que gere o São Carlos, também estão "consternados", pois na sua opinião "Ricardo Pais é uma referência na cultura portuguesa" e declaram ainda no PÚBLICO de ontem que "era demasiado tarde para alterar a programação".

Para ser sincera tenho de dizer que não me interessam muito as razões que levaram estes actores a estabelecer esse paralelo entre Júlio Dantas e Ricardo Pais. O que eu queria mesmo era um pretexto para falar do Dantas e sobretudo desmanchar aquele sorrisinho consensual, género "tão moderninho que eu sou!", que nasce quando o nome do dito Dantas é pronunciado.

Durante anos o que conheci de Júlio Dantas foi o que dele escreveu Almada Negreiros. Um trabalho sobre o primeiro filme sonoro português, A Severa, fez-me interessar pela figura do tão ridicularizado Dantas.

Não foram as excelentes letras dos fados que me levaram a considerar que talvez o Dantas não fosse apenas o boneco que dele fizera Almada. Foram sim umas cartas. Mais propriamente as cartas que escreveu a um preso de seu nome José Carlos Amador Rebelo. Até ao dia 6 de Fevereiro de 1931, Amador Rebelo era uma figura conhecida nesse meio cultural que anunciava ir revolucionar e organizar o cinema português em moldes modernos. O que o levara a esse mundo foi o seu talento não para o cinema mas sim para arranjar dinheiro. Quando Leitão de Barros avança para a realização do primeiro filme sonoro português, a Sociedade Universal de Super Filmes, produtora da fita, procura Amador Rebelo, que garante boa parte do capital de A Severa. Acontece que desgraçadamente o dinheiro não era de Amador Rebelo mas sim do BNU, onde Amador Rebelo tinha o invejado cargo de inspector-geral e de onde desviara o dinheiro para financiar A Severa. Às onze da noite do dia 6 de Fevereiro de 1931, João Ulrich, então director do BNU, entrou no Torel para apresentar queixa por desfalque contra Amador Rebelo. Desde esse momento a grande preocupação da gente moderna da cultura e do cinema foi desvincular-se desse homem a quem até há uns dias enviavam telegramas pedindo dinheiro para fazerem a sua obra: "A escola Alves Reis, em cuja árvore genealógica entronca José Amador Rebelo, seu jovem e aproveitado discípulo deve ser expropriada e arrasada" - lê-se na revista Cinéfilo escassos dias depois da denúncia do BNU.

Amador Rebelo seria preso e julgado. E é aí, na cadeia, que entra o nome de Júlio Dantas, pois, ao contrário de outros, fossem eles cineastas, escritores ou artistas muito mais modernos, revolucionários e tidos como menos oficiosos, Júlio Dantas não se esquece de Amador Rebelo e escreve-lhe para a cadeia procurando encorajá-lo.

Certamente efeminado e postiço como lhe chamou Almada, vaidoso e egocêntrico como o descreveu pitorescamente Marcelo Caetano, a verdade é que Júlio Dantas é também o intelectual que desempenhou com qualidade os cargos que teve e o homem que não fez de conta que não conhecia um amigo e que, nos anos 20, se opôs ao grupo moderníssimo de radicais que pretendia retirar duma livraria do Chiado exemplares das Canções de António Botto.

Júlio Dantas tem representado convenientemente o papel do intelectual em que literal e historicamente falando é moderno malhar mas a vida (e no caso de Júlio Dantas a própria morte) e a sua teia de compromissos, fraquezas, glórias e princípios é sempre bem mais complexa do que as certezas inscritas nas frases dramaticamente sonoras e frequentemente belas dos manifestos.