sexta-feira, 24 de julho de 2009

Mudanças...

Uma semana após o último post retomo a escrita no blog, exceptuando a crónica de ontem da Helena Matos, razão para o desaparecimento mudança de gabinete e edificio!!!
Foram nove anos no mesmo gabinete, convivendo diáriamente com as mesmas pessoas,algumas indo embora muitas ficando, umas mais queridas outras foi um favor terem saído da vista.
Deixei algumas amizades no anterior espaço, com especial destaque para a minha ex-colega de gabinete Sofia, as minhas amigas (posso considerá-las como tal) Nádia e Sófia, e outras pessoas que com o passar dos anos fizeram parte do meu espaço e que guardarei para sempre no meu coração.
Saudades tenho algumas, de conversar com a Sofia, de ir ao café com as ditas amigas, falar de tudo e mais alguma coisa, enfim, não emigrei e por isso irei sempre assinar o "ponto".
Obrigado a todos(as) e estou certo que nos vamos nos cruzando!!!

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cronologia de um líder improvável - Helena Matos (Público)

Crónica de Helena Matos hoje no "Público"
Cronologia de um líder improvável
Helena Matos

Setembro 2004 a Julho 2005: José Sócrates, o homem certo no momento certo

Setembro a Dezembro de 2004 - José Sócrates torna-se secretário-geral do PS. Para trás ficam Manuel Alegre e João Soares. Sócrates foi líder da oposição dois meses e alguns dias, pois, a 1 de Dezembro, Jorge Sampaio dissolve a Assembleia da República. Teria José Sócrates aguentado anos como líder da oposição, caso Sampaio não tivesse considerado que a demissão do ministro do Desporto punha em causa o regular funcionamento das instituições? Das especulações não reza a História, mas António José Seguro e Vitalino Canas, que tinham desistido de se candidatar à liderança do PS, certamente concluíram que em política a sorte é muito importante.

Março de 2005 - Toma posse o Governo de Sócrates. Na apresentação do programa do Governo, o chefe do executivo declara que serão investidos mais de 20 mil milhões de euros em áreas que considera vitais para o país. Anunciou a redução das férias judiciais, o documento único automóvel, o cartão de cidadão e uma "via rápida" para o licenciamento de projectos fundamentais. Assumiu ir referendar o aborto e declarou que pretendia que o governador do Banco de Portugal apurasse não só o défice de 2004 - "que sabemos ser bem superior a cinco por cento em termos reais" -, mas também a "verdadeira situação das contas públicas que este Governo encontra". Ninguém se interroga sobre o condicionamento que estas declarações implicam para Vítor Constâncio, pois dificilmente este poderia, a partir desse momento, produzir um relatório que contrariasse este saber antecipado do primeiro-ministro.

Março a Maio de 2005 - A maior parte das notícias sobre o Governo pareciam transcrições das conversas entusiásticas dos assessores governamentais. Sócrates passa um dia em Helsínquia e a todos parece naturalíssimo que, apesar da brevidade da visita, declare ser a Finlândia o país inspirador "para a agenda de reformas internas que está apostado em levar a cabo". Entre essas reformas conta-se o Inglês no ensino básico e o "choque tecnológico" que levaria o Governo a anunciar ir colocar mil novos licenciados em Gestão e Economia em pequenas e médias empresas.
Fica-se também a saber que "uma das primeiras prioridades" do executivo era a criação de uma base de dados com perfil genético de todos os cidadãos; que os presidentes das comissões de coordenação das comissões regionais (CCDR) voltam a ser nomeados apenas pelo Governo e que o IVA vai aumentar de 19 para 21 por cento para assegurar o financiamento da Segurança Social.
Umas declarações do então ministro da Saúde, Correia de Campos, a defender a subida das taxas moderadoras nos casos de falsas urgências são apenas um fait-divers neste verdadeiro estado de graça do primeiro-ministro e até a nomeação de Fernando Gomes para a Galp ainda é entendida como uma cedência inevitável a um boy: mal por mal antes na Galp do que no Governo a atrapalhar um primeiro-ministro tão empenhado em fazer as reformas tão difíceis que o país precisa, terão pensado muitos portugueses e não exclusivamente os eleitores do PS.

Junho de 2005 - Os trabalhadores da função pública fizeram uma manifestação, mas as revelações sobre o número de funcionários públicos destacados nos sindicatos - só professores eram 1100 - são suficientes para que "a rua" não inquiete o primeiro-ministro. As preocupações nascem sim com acidentes de percurso: o Diário Económico descobre erros nas contas do orçamento rectificativo apresentado pelo ministro Campos e Cunha. E entre os socialistas há quem ache que os portugueses precisam de boas notícias, após tanta pressão sobre a necessidade do controlo da despesa. O DN até explica que dada a fraca presença de Manuel Pinho nos media foi elaborado um calendário político com o anúncio sistemático de medidas positivas do Estado, que nesta fase se confunde com o Governo. E todos os dias havia boas notícias: "José Sócrates atribui prioridade à Ota, TGV, CRIL e auto-estrada até Bragança"; "Ao todo serão lançados cerca de 200 projectos em Portugal no espaço de quatro anos"; "Governo: programa hoje apresentado prevê 120 mil novos postos de trabalho"; "25 mil milhões para relançar a economia" - são alguns dos títulos que por então garantem que Sócrates certamente sabe o que faz.

Julho de 2005 - Luís Campos e Cunha deixa o Governo. Cansaço e razões pessoais serão a explicação oficial para esta saída. Na verdade, o que estava em causa eram as opções para o investimento público e a escolha de Armando Vara para a liderança da CGD. Noutro contexto, esta saída teria abalado a confiança no primeiro-ministro. Mas no Verão de 2005 os portugueses precisam de acreditar que têm no Governo o homem que lhes garante que podem ir sossegados para férias e o PS acredita que encontrou o líder que Guterres não conseguiu ser. (continua)
No ano da graça de 2009 um espectáculo gera polémica e terá mesmo estado para ser suspenso, em Portugal, porque o texto critica, pasme-se!, um encenador. Mais precisamente um grupo de actores pegou no texto do manifesto anti-Dantas de Almada Negreiros e adaptou-o ao século XXI. No lugar de Júlio Dantas está agora Ricardo Pais. Vai daí nasce não um escândalo, coisa que precisa de público, mas na falta dele uma sucessão de declarações e contradeclarações que não sei porquê me lembra as sessões protocolares de cumprimentos no Palácio da Ajuda: o director artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Diogo Infante, afirma que já manifestou a sua solidariedade a Ricardo Pais e declara-se consternado. Os responsáveis do Opart, entidade que gere o São Carlos, também estão "consternados", pois na sua opinião "Ricardo Pais é uma referência na cultura portuguesa" e declaram ainda no PÚBLICO de ontem que "era demasiado tarde para alterar a programação".

Para ser sincera tenho de dizer que não me interessam muito as razões que levaram estes actores a estabelecer esse paralelo entre Júlio Dantas e Ricardo Pais. O que eu queria mesmo era um pretexto para falar do Dantas e sobretudo desmanchar aquele sorrisinho consensual, género "tão moderninho que eu sou!", que nasce quando o nome do dito Dantas é pronunciado.

Durante anos o que conheci de Júlio Dantas foi o que dele escreveu Almada Negreiros. Um trabalho sobre o primeiro filme sonoro português, A Severa, fez-me interessar pela figura do tão ridicularizado Dantas.

Não foram as excelentes letras dos fados que me levaram a considerar que talvez o Dantas não fosse apenas o boneco que dele fizera Almada. Foram sim umas cartas. Mais propriamente as cartas que escreveu a um preso de seu nome José Carlos Amador Rebelo. Até ao dia 6 de Fevereiro de 1931, Amador Rebelo era uma figura conhecida nesse meio cultural que anunciava ir revolucionar e organizar o cinema português em moldes modernos. O que o levara a esse mundo foi o seu talento não para o cinema mas sim para arranjar dinheiro. Quando Leitão de Barros avança para a realização do primeiro filme sonoro português, a Sociedade Universal de Super Filmes, produtora da fita, procura Amador Rebelo, que garante boa parte do capital de A Severa. Acontece que desgraçadamente o dinheiro não era de Amador Rebelo mas sim do BNU, onde Amador Rebelo tinha o invejado cargo de inspector-geral e de onde desviara o dinheiro para financiar A Severa. Às onze da noite do dia 6 de Fevereiro de 1931, João Ulrich, então director do BNU, entrou no Torel para apresentar queixa por desfalque contra Amador Rebelo. Desde esse momento a grande preocupação da gente moderna da cultura e do cinema foi desvincular-se desse homem a quem até há uns dias enviavam telegramas pedindo dinheiro para fazerem a sua obra: "A escola Alves Reis, em cuja árvore genealógica entronca José Amador Rebelo, seu jovem e aproveitado discípulo deve ser expropriada e arrasada" - lê-se na revista Cinéfilo escassos dias depois da denúncia do BNU.

Amador Rebelo seria preso e julgado. E é aí, na cadeia, que entra o nome de Júlio Dantas, pois, ao contrário de outros, fossem eles cineastas, escritores ou artistas muito mais modernos, revolucionários e tidos como menos oficiosos, Júlio Dantas não se esquece de Amador Rebelo e escreve-lhe para a cadeia procurando encorajá-lo.

Certamente efeminado e postiço como lhe chamou Almada, vaidoso e egocêntrico como o descreveu pitorescamente Marcelo Caetano, a verdade é que Júlio Dantas é também o intelectual que desempenhou com qualidade os cargos que teve e o homem que não fez de conta que não conhecia um amigo e que, nos anos 20, se opôs ao grupo moderníssimo de radicais que pretendia retirar duma livraria do Chiado exemplares das Canções de António Botto.

Júlio Dantas tem representado convenientemente o papel do intelectual em que literal e historicamente falando é moderno malhar mas a vida (e no caso de Júlio Dantas a própria morte) e a sua teia de compromissos, fraquezas, glórias e princípios é sempre bem mais complexa do que as certezas inscritas nas frases dramaticamente sonoras e frequentemente belas dos manifestos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Harry Potter and the Half-Blood Prince

 


Chega finalmente dia 16 de Julho, e eu sei quem vai ver!!!
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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Para a minha joía mais preciosa



Charlie haden & Pat Metheny The precious jewel

Anna Maria Jopek and Pat Metheny - This is not America



Um génio + Uma voz celestial = A um cd do outro mundo!!!

Palpites

Se há coisa que odeio é dar palpites, o mesmo não se passa com o português comum que dá palpites sobre tudo e mais alguma coisa e muitas vezes sem saber do que está a falar, senão atente-se ao seguinte:
  1. Estado da Justiça em Portugal

Convencionou-se dizer que em Portugal a Justiça é lenta os Tribunais não funcionam, que os Juízes são uns vadios(as) que não fazem nada, os Advogados uns aldrabões, o Ministério Público protege os ricos, enfim um sem número de "cliches". Com efeito, posso-vos dizer com conhecimento na matéria, nas várias frentes, que não é verdade o que aí se apregoa, antes pelo contrário os Juízes, muitos tem de abdicar de momentos com a família para "despacharem" processos e aqueles que tem método e espírito de sacrifício tem os seus "Juízos" em dia, os Advogados muitas vezes lutam por aquilo que melhor defende o seu cliente, e o MP não protege os ricos, senão não teríamos o Caso BPN,BPP, Freeport, Casa Pia, entre outros menos mediáticos. O que, efectivamente, está mal é o excesso de legislação que se produz na Assembleia da República que permite um infindável número de garantias aos arguidos (muito fruto da alteração feita no Código do Processo Penal após o despoletar do "caso" Casa Pia, se é que faço entender). Por outro lado, acho desagradável que se opine sem se saber do que estamos a falar, porque muitas vezes somos injustos com pessoas que dão o melhor tem de si para que "isto" não paralise de vez! Não me venham com a conversa de que nos EUA é que é bom porque eu não me sentiria seguro perante uma Justiça que condena alguém à morte e ao fim de 20 anos no "corredor da morte" descobre-se que estava inocente, poderemos chamar a isto Justiça? Creio que não!!!

2. Estado da Saúde em Portugal

Também não entendo que seja o pior, sempre fui bem tratado nos hospitais portugueses nas vezes que lá fui, as minhas filhas nasceram num Hospital Público e foi 5 estrelas, o Centro de Saúde da minha área funciona muito bem, enfim nada a reportar. Mas, a verdade é que todos os dias ouvimos dizer mal dos médicos, enfermeiros e hospitais, mas já viram as rubricas no Orçamento de Estado que "vão" para a Saúde. Ainda não viram? Vejam e depois digam qualquer coisa. Pegando no exemplo dos EUA (outra vez) vejam a serie "E.R. - Serviço de Urgência" e repararão que quem não tem seguro não é atendido, justo não é? Eu prefiro o nosso Sistema de Saúde com todos os defeitos que ele contempla!!!

3. Estado da Educação em Portugal

Tentou este Governo fazer a cabeça dos portugueses contra a classe docente portuguesa durante uma legislatura inteira, dizendo que eles são isto são aquilo, não trabalham, enfim, um chorrilho de inverdades, mas não colou porque os professores uniram-se e fizeram-se ouvir (algumas vezes não da melhor maneira, mas fizeram-se ouvir). Tenho familiares e amigos que são docentes e nenhum é vadio(a), bem pelo contrário. Julgo que o que existiu em Portugal foi um desinvestimento na Educação, maquilhado com um "Magalhães" para a malta se entreter, não se valorizaram os professores, as Associações de Pais, os auxiliares de serviço educativo, o parque escolar existente e a construir, enfim, a Educação para este Governo limitou-se a dizer mal dos professores e a distribuir "Magalhães".

Após estes três exemplos gostaria que todos nós quando falássemos sobre algo tivéssemos a certeza sobre o que estamos a dizer, talvez assim crescêssemos como pessoas e com País.

Vida de Pai (s)...

Vida dura esta de Pai(s) em tempo de férias ou em final de ano lectivo, senão vejamos:

  1. A minha filha mais velha está já com os nervos em "franja" com a aglomeração de meninos(as) numa só sala, o que a deixa sem tempo "para si" (embora não consiga formular, claramente, julgo que é disso que padece). Por outro lado, o Conservatório fechou para férias e isso deixa-a triste, bem como a natação e as extra-curriculares, enfim, um sem número de "dramas infantis" que se vão gerindo de forma mais ou menos paciente.
  2. A minha filha do meio também já está "farta" da "escola" pelo menos farta-se de apregoar isso no curto trajecto de carro entre casa/creche, mas desconfio que o que ela mesmo queria era ficar com a irmã mais velha a brincar (são muito cumplíces!!!) e estar "caída" na FNAC todos os dias na área infantil ou mesmo a ouvir cd's com o pai na área de Jazz, ou melhor ainda, a comer um cone com uma bola de gelado à escolha.
  3. A mais nova embora hiper-mimada na casa dos avós paternos tem sempre a "secreta esperança" que ficará em casa com a mãe e o pai, mesmo que para isso tenha de prescindir das doses industriais de mimos que recebe diáriamente dos avós.

Enfim, gerir esta complexa "teia" de interesses não é fácil, mas ainda vai dando algum tempo para o pai e a mãe namorarem, verem um bom filme juntos a horas decentes (bendita Zon box), fazerem um jantar romântico à luz das velas acompanhado de um bom vinho e de música a preceito, e terem momentos para si.

Eis o relato de um pai e mãe que embora cheguem ao fim do dia literalmente "rotos" não prescindem das suas três princesas por nada deste mundo!!!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Parabéns atrasados, Clarinha!!!

Obrigado, filha, por seres:

Alegre
Irreverente
Amorosa
Simpática
Espontânea
Sincera


Nós (eu e a mamã) não imaginamos a nossa vida sem a tua teimosia (mimosa), os teus amuos (vindos do nada), e também dos teus abraços e beijos espontâneos!
Muitos Parabéns atrasados, mas o Papá não vinha ao blog já desde antes do teu aniversário daí a demora!!!

A caixa negra do PS e a educação - Santana Castilho

Mais um texto superiormente escrito pelo Prof. Santana Castilho, publicado no "Público" de hoje...

A caixa negra do PS e a educação
Santana Castilho


Cai Sócrates e o PS. O eleitorado tem dois meses para lhe analisar a caixa negra e perceber as causas do desastre O episódio Manuel Pinho tornou degradante o debate sobre o estado da nação. A grosseria a que o país assistiu em directo espelha a cultura que nos tem governado nos últimos quatro anos, afastada do povo e sem respeito pelo órgão que o representa.
Não me interesso por futebol. Mas as recentes eleições do Benfica entraram-me em casa e demonstraram-me que o Estado está em licença sabática. Um tribunal tomou uma decisão sobre o acto. Logo os visados anunciaram que não a cumpririam. E não cumpriram, não se coibindo de a comentar na televisão, em linguagem ordinária. E nada aconteceu, para além de celebrações entusiásticas em que participaram figuras públicas, que desempenharam e desempenham cargos de grande responsabilidade social. O verdadeiro estado da nação está espelhado nestes episódios da vida quotidiana.
A criação de mitos é sempre servida por poderosas máquinas comunicacionais. À sombra dos mitos acoitam-se legiões de incondicionais. E quando o processo claudica, face à linguagem incontestável dos resultados, é degradante ver a máquina em tentativa desesperada de se auto-alimentar, à custa do que julgam ser a irracionalidade dos outros.
Caiu Jardim Gonçalves, caiu Rendeiro, caiu Oliveira e Costa, caiu Dias Loureiro, afunda-se Sócrates e este PS alienante e redutor. O eleitorado tem dois meses para lhe analisar a imensa caixa negra e perceber as causas do desastre.
No que à Educação respeita, a próxima legislatura tem uma tarefa: apanhar os cacos e trazer paz às escolas e aos professores. Para isso tem, entre outras, oito acções incontornáveis, a saber:
a) Assumir, finalmente, a autonomia das escolas. O paradigma tradicional de gestão do sistema está esgotado. O poder tem de confiar nos professores e entregar-lhes a responsabilidade efectiva de gestão das suas escolas. Como corolário óbvio, devem ser extintas as direcções regionais de Educação e proceder-se à adequação consequente da estrutura orgânica do Ministério da Educação. As valências centrais devem limitar-se à definição das políticas de natureza nacional, à supervisão, ao controlo da qualidade e aos instrumentos de avaliação e relativização dos resultados. Deste enunciado genérico emana a imperiosa necessidade de despolitizar todos os serviços técnicos. Há que ganhar uma estabilidade de funções, que persista para lá das mudanças dos políticos, protegendo a administração superior da volatilidade política.
b) Conceber um verdadeiro estatuto de carreira docente, em que os professores portugueses se revejam, que seja instrumento de desburocratização da profissão, fixador de claro referencial deontológico, gerador de estabilidade profissional e indutor de uma verdadeira autonomia responsável, de natureza pedagógica, didáctica e científica. Naturalmente que o fim da divisão da carreira em duas é obrigatório. Naturalmente que a adequação das necessidades das escolas à dimensão dos quadros é desejável.
c) Definir um modelo de avaliação do desempenho útil à gestão do desempenho, isto é, que identifique obstáculos ao sucesso e se oriente para os solucionar, que tenha muito mais peso formativo que classificador. Que se preocupe mais com a apropriação, por parte dos professores, dos valores que intrinsecamente geram sucesso e melhoram o desempenho, que com os instrumentos que extrinsecamente o pretendam promover. Que reflicta a evidência da complexidade do acto educativo, que não pode ser alvo dos mesmos instrumentos que se aplicam à medição de bens tangíveis. Que assente no reconhecimento de que a actividade docente tem uma natureza eminentemente colaborativa e dispensa instrumentos geradores de competição malsã. Que seja exequível e proporcional à sua importância no cotejo com outras vertentes da profissão.
d) Alterar o modelo de gestão das escolas, compatibilizando-o com o novo paradigma de autonomia, devolvendo-lhe a democraticidade perdida, adequando a natureza dos órgãos às realidades sociais existentes e abandonando a lógica concentradora do poder num só órgão.
e) Alterar o estatuto do aluno, orientando-o como instrumento promotor de disciplina e gerador de responsabilidade, rigor e trabalho. Deve ser abandonada a promoção estatística do sucesso e retomada a seriedade dos instrumentos de certificação dos resultados.
f) Redefinir globalmente os planos de estudo e os programas disciplinares, articulando-os vertical e horizontalmente. Cabe aqui a aceitação de que há limites institucionais e pessoais, uma hierarquização de importância das diferentes disciplinas, em função de faixas etárias, ciclos de estudo e orientação vocacional, e um papel nuclear de outras, que se deve reflectir na composição dos curricula.
g) Reorganizar as actividades de resposta a necessidades educativas especiais, com expresso abandono de utilização, em contexto pedagógico, da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e retorno dos professores especializados ao trabalho exclusivo com crianças portadoras de necessidades especiais.
h) Devolver aos professores espaço e tempo para reflexão sobre a prática profissional e autoformação e promover o debate sobre conceitos educacionais não suficientemente apreendidos pela sociedade. Com efeito, a insuficiente tentativa de obter consensos possíveis sobre esses temas e o fomento de climas de quase ódio entre correntes doutrinárias opostas e ideologias políticas diversas têm impedido que as decisões perdurem para além dos tempos políticos e mudem em função do livre arbítrio de sucessivos governos e ministros. Professor do ensino superior