terça-feira, 17 de março de 2009

Volare,oo!! Gamare,ooo! - José Diogo Quintela

Depois de marcar a minha viagem a Munique para apoiar o Sporting, o Bayern deu-nos cinco a zero. Resolvi mudar a viagem. Em vez de partir às nove da manhã, quis ir às seis. Achei que devia estar três horas mais cedo em Munique, para me preparar para ver o Sporting fazer história. O que acabou por acontecer, mas no sentido inverso ao que eu estava à espera. Para mudar esse voo, a TAP cobrou-me 40 euros.
O que é que isto signifi ca? Bom, significa que sou um sportinguista inconsciente (passe a redundância). E que a TAP é engenhosa (passe o eufemismo). Conseguiu vender o mesmo lugar duas vezes: a mim e, provavelmente, ao adepto do Sporting que teve a inteligência de passar o menos tempo possível em Munique. E reparem como é insidiosa, a TAP: em vez de tentar cobrar alguns 500 euros, que me fi zessem desistir de ir a Munique, cobra uns trafulhas, mas ainda razoáveis, 40 euros, que prontamente desembolsei.
Há um ano, comprei uma viagem dupla para Londres. Cancelei-a e perguntei se podia usá-la mais tarde. Disseram que sim, durante um ano, desde que pagasse uma “penalidade” e a usasse para o mesmo sítio e com a mesma pessoa para quem a tinha comprado originalmente. Portanto, a TAP não só me vai ao bolso, como ainda me ofende, ao achar que não consigo arranjar outra companhia (pessoa, não de aviação) para ir comigo a um sítio. Sítio esse que é a própria TAP que decide. E ainda “penaliza”.
É uma penalidade tão descabida quanto algumas que os árbitros marcam a favor do FC do Porto. É a mesma coisa que comprar um casaco na Zara, decidir que afinal não o quero e só poder trocá-lo por outro casaco igual, noutra cor, e pagando por cima.
Bem sei que este género de “taxas” e “penalidades” está explicitada em todas as compras de bilhetes. Mas a “protecção” que os mafiosos prestam aos comerciantes também é regulada e não é isso que a torna legítima. A aviação comercial, paradoxalmente, tem as técnicas mais subterrâneas.
Estatisticamente, é mais provável morrer-se num acidente de carro do que num de avião. Por outro lado, é mais provável ser-se roubado a andar de avião do que de carro, mesmo com o carjacking e os preços da gasolina. Quando ando de avião, morrer é o meu segundo medo. O primeiro é fi car pobre.
Neste momento estão a preparar um avião que não tem casas de banho (o que, conjugado com a qualidade da comida servida a bordo, é possível que infrinja vários artigos da declaração dos direitos do homem). Enquanto isso não avança, não me admira que comecem a cobrar por idas à casa de banho. Ou para dormir a bordo.
E já esteve mais longe o dia em que o comandante peça para se fazer uma vaquinha para a gasolina. “Ladies and gentlemen, this is your captain speaking. Does anyone have a Galp Frota card?”
Começo a achar que as palmas que se batem no fim dos voos não é pela aterragem, é por já ter acabado a gatunagem. E nada me diz que o 11 de Setembro, em vez de um atentado às Torres Gémeas, tenha sido um protesto contra as companhias aéreas. Foi a maneira de o Bin Laden mandar uma carta à DECO. Humorista

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