terça-feira, 30 de setembro de 2008

Farto de más notícias, eis quatro boas!!!

Para quem está farto de más notícias a crónica de Nicolau Santos, na edição de sábado passado no caderno de Economia do semanário «Expresso» e que se reproduz:
Farto de más notícias, eis quatro boas

«Nos últimos 50 anos, o número de mulheres licenciadas passou de 11 mil para 600 mil. Chega para nos orgulharmos do país em que vivemos?

Quando o mundo económico cai à nossa volta, é possível encontrar alguns motivos de esperança? Seguramente. É só procurar. Eu encontrei quatro.
1 Todos os Verões, Portugal e muitos outros países se debatem com o flagelo dos fogos florestais. A explicação, quando não tem origem criminosa, radica na acumulação de combustíveis florestais (matos, caruma, etc.) em terrenos que não são limpos pelos seus proprietários ou estão ao abandono. Além do mais, a limpeza dos terrenos custa muito esforço e bastante dinheiro.
Esta semana, a Impresa, empresa proprietária do Expresso, e a Água do Luso entregaram o Prémio Ideias Verdes aos responsáveis de um projecto já testado, que é um verdadeiro ovo de Colombo: utiliza cabras que, controladas por cercas, devoram literalmente todos os resíduos florestais que estão na origem dos fogos.
Os projectos-piloto na serra de Sintra e em Grândola foram um sucesso. Segue-se o primeiro projecto em larga escala nas serras de Aires e Candeeiros. As cercas que controlam a zona de actuação das cabras são alimentadas com energia solar e cada animal leva um chip na coleira, que permite a sua localização via GPS num telemóvel. É a junção da modernidade à ruralidade, à ecologia e à defesa do ambiente. E a prova de que uma excelente ideia não precisa de milhões para se concretizar.
2 O MEP-Movimento Esperança Portugal, liderado por Rui Marques, parece ser um partido diferente. Esta semana organizou um debate sobre as razões e a necessidade de esperança em Portugal. Editou um livrinho com 52 razões de esperança. Alguns exemplos: o espaço Shengen foi alargado a nove novos países em 2007 graças à solução informática criada pela Critical Software, uma empresa portuguesa. Temos a terceira mais baixa taxa de mortalidade infantil da Europa e a quarta do mundo. O novo laboratório espacial europeu Columbus inclui tecnologia portuguesa concebida pela Efacec. Somos o país da Europa que mais alterou a estrutura de exportações na última década: os produtos de alta tecnologia já representam 15% das exportações nacionais. Estamos em 18º no Índice de Desempenho Ambiental entre 149 países. O PIB «per capita» passou de menos de 7 mil euros em 1986 para cerca de 17 mil euros em 2006. Em menos de um século a esperança de vida duplicou. Nos últimos 50 anos, o número de mulheres licenciadas passou de 11 mil para 600 mil. Chega para nos orgulharmos do país em que vivemos?
3 A Chevrolet promoveu um concurso de Artes Aplicadas. Houve 41 propostas de 15 países. Paulo Branco, 23 anos, ficou em terceiro na categoria de fotografia, Ricardo Trindade e Rafael Gonçalves, ambos com 22, ficaram em segundo na categoria de artes visuais. E Trindade não tem pejo em dizer: “Quero ser o próximo designer da GM”. Quem disse que esta é uma geração mal preparada e sem ambição?»
4 Portugal tornou-se o primeiro país em todo o mundo com capacidade de produzir electricidade a partir da energia das ondas do mar. Há ainda 15 a 20 anos para confirmar o sucesso do projecto, onde Enersis, EDP e Efacec estão associadas. Mas quando é que estivemos na vanguarda de alguma tecnologia? E com as condições que temos, dificilmente perderemos um dos primeiros lugares na exploração desta tecnologia do futuro.
A PT e a imagem de Portugal
Na semana passada, a PT fez muitíssimo pelo nome de Portugal em África. Zeinal Bava, presidente da operadora, esteve na Namíbia para lançar o e-escolas, com a subsidiação de computadores ‘Magalhães’ para 25 mil estudantes universitários e a distribuição gratuita de mais mil nas escolas primárias. É um gesto que a Namíbia não esquecerá e a prova de que são as empresas que criam a imagem do país. É por isso que algumas têm de estar sempre em mãos nacionais.
Eles andam calados
De repente, todos os que sempre defenderam que as empresas que cometem erros de gestão devem falir, calaram-se. Todos os que sempre defenderam menos Estado, calaram-se. Todos os que sempre reclamaram da acção dos reguladores, calaram-se. De repente, todos eles perceberam que o mercado é vital, mas não pode ser deixado à solta. De repente, todos perceberam que os homens à frente das instituições não são intrinsecamente bons. De repente, todos perceberam que gerir com base num prémio associado ao desempenho da instituição pode ser perverso. Mas andam muito calados - enquanto o mundo paga a factura dos seus erros.

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